A minha Lista de blogues

quinta-feira, 30 de março de 2017

ASSIS VALENTE

Talvez nem todo mundo saiba que José de Assis Valente
foi um grande compositor de sambas. Nasceu em 1911,
em Santo Amaro, Bahia. Em 1927 muda-se para o Rio
de Janeiro, vai trabalhar como protético e publica
desenhos em algumas revistas daquela época. Na década
de 30, começa a compor  sambas para Carmem Miranda,
 Orlando Silva, Carlos Galhardo, Francisco Alves, Marlene
e outros. Assis Valente acossado por dívidas e sem conseguir
 pagá-las, cometeu suicídio em março de 1958.




Parece mentira,
mas este país
já foi diferente,
tão diferente,
que é difícil
de acreditar!
Antigamente,
pessoas se suicidavam
quando tinham
o nome enxovalhado
por dívidas.
Na atualidade,
quando a mídia levanta
o véu que cobre
 indivíduos envolvidos
nas maracutaias,
os suspeitos batem no peito:
sou campeão da honestidade,
tenho um histórico limpo
e uma conduta ilibada.
Ou, então, pegam a tangente:
por que eu fui premiado
se tantos outros fazem o mesmo?
Os caras-de-pau, quando,
condenados pela justiça
 negam, veementemente,
as culpas no cartório.
Outros ainda vão além:
em frentes às câmeras  de tv
levantam o punho no ar.
Deve a nova senha
do sindicato do crime.




terça-feira, 28 de março de 2017

BRIC-A-BRAC

Trabalho no comércio informal
e atuo no departamento autônomo
de compra e venda sem registro.
Não forneço nota fiscal e quejandos,
sem riscos para as partes envolvidas,
porque a garantia do nosso negócio
reside no peso da palavra empenhada.
Eis alguns itens do nosso cardápio:
Compro prata, cabelo e pele de gato.
Vendo barba postiça e perucas usadas
Compro perdidos, achados e dente de ouro.
Vendo dicas, palpites e promessas
Compro contas inativas do FGTS.
Vendo as rotas do mapa da mina.
Compro  números de bilhetes premiados
Vendo segredos das civilizações perdidas.
Compro a bíblia do enriquecimento fácil.
Vendo guia prático de sobrevivência na lua.
Compro ações dos operadores do petrolão.
Vendo manual iniciático do ramo da propina.
Compro compêndios de emagrecimento sem dieta.
Vendo oráculos das pitonisas de Delfos (Brasília)

Aviso aos navegantes: quando formos razoavelmente evoluídos, os
procedimentos aqui elencados não serão compatíveis com a  nossa conduta.

sábado, 25 de março de 2017

ANIVERSÁRIO DE PORTO ALEGRE

Vejo uma cidade num cartão postal,
que não sei aonde foi parar!
Cadê a magia que havia em tuas ruas?
Cadê a rua  encantada dos sonhos
que Mario Quintana sonhava?
Sinto a dor, talvez, não infinita,
das ruas não andadas por Mário,
mas o poeta era mais feliz,
porque a dor que me visita
a sinto nas  ruas por onde ando.


terça-feira, 21 de março de 2017

OUTONO

De onde vem esse aroma
que assanha o nosso nariz?
De onde vem essa brisa
que refresca nossa pele?
De onde vem esta pílula
que recarrega as baterias
de quem andava cansado?
De onde vêm esses augúrios
que despolui nosso espírito,
lavando as nódoas da alma?
De onde vem essa aragem
que revigora o esqueleto
dos fortes, velhos e fracos?
De onde vem este céu
mais suave que o céu,
que havia até ontem?
De onde vem este sentir
que  induz a gente a pensar
que todas  coisas mudaram
mesmo nada mudando?
Ah, sei o que acontece:
é o outono chegando
para ficar conosco
nesta temporada.

quinta-feira, 16 de março de 2017

EDUCAÇÃO, PRA QUÊ?

Parece que algumas cabeças deste país
acham bonito a falta de saber.
A propósito, um ex-presidente gabou-se
de nunca ter lido um livro.
Que a massa sem escola de um país emergente
eleja um par para regular seus destinos
é compreensível, até certo ponto,
mas o incrível é que algumas instituições
desembolsam cachês polpudos
pelas palestras do apedeuta.


segunda-feira, 13 de março de 2017

A DIVINDADE

Outro dia me chamaram de ignorante
porque discordei assim meio por discordar
da essência do discurso  proferido
por um  estudioso das escrituras
O exegeta falava  da necessidade
de louvor ininterrupto   à criação,
para evitar o revanche da ira divina,
por ausência de testemunho à obra
Não sou rebelde nem sacrílego
e sei da causa primordial de todas as coisas,
mas acredito que a Inteligência Suprema
paira infinitamente além do aplauso humano.


sexta-feira, 10 de março de 2017

GAÚCHO A PÉ

Nunca fui ao CTG
nem aos rodeios
nem frequento bailões,
mas digo bah,
e, às vezes, tchê
Sou gaúcho a pé,
 traço um churrasco,
 monto um chimarrão,
porque o amargo da bebida
adoça a alma da gente.
Tentei cavalgar os pangarés,
mas subia por um lado
e caia pelo outro.
Entre xotes e rancheiras,
prefiro os boleros
e o tango dos hermanos.
Das gauchadas,
pouco sou capaz,
exceto, dizer Capaz!
Aliás,  cantarolo, às vezes,
Cleiton e Cledir:
Capaz
que o mundo um dia vá se acabar
...........................................................
Capaz
que exista vida em outro lugar
...............................................
Capaz
que  o homem tenha ido à lua
...................
Sou gaúcho,
mas não visto bombacha,
não sou das pilchas
nem falo  o gauchês,
mas digo capaz,
 digo bah!
e, às vezes, tchê!

quarta-feira, 8 de março de 2017

VOLTAIRE

Quem tira  uma vida   é bandido,
 quem mata muitos homens é herói
mas, por fim, Deus mata  a  todos,
Foi Voltaire quem falou desse jeito.
Diga-se, isso é sutileza de elefante.
Desconheço se criminosos históricos
como Hitler, Stalin, Mao, Guevara
leram uma linha do filósofo francês,
entretanto, para alguns pensantes
essas criaturas viraram deuses.


segunda-feira, 6 de março de 2017

PONHAM O LEÃO NA JAULA!

Lembram daquela música do Roberto:
Um leão está solto nas ruas?
Tempinho bom, né bixo!
Pois é! Bons tempos
ou a gente era bobo!
Sei que naquele tempo,
a boca do leão era pequena.
O reizinho de Itapemirim exagerava,
naquela época o bicho era mais seletivo,
não tinha tanta voracidade por tributos.


sexta-feira, 3 de março de 2017

DE POETA E LOUCO

Dizem que de poeta e louco
todos temos um tanto
Não sei se somos todos malucos,
 mas que temos doideiras,
disso não tenho dúvidas.
Hábitos, manias, cacoetes
que a gente vê no semelhante,
entretanto, dos nossos  próprios,
ah, disso não falamos,
até porque, via de regra,
em nós mesmos,
raramente os percebemos
Por que no fundo, no fundo
nos vemos quase perfeitos.

quarta-feira, 1 de março de 2017

CARNE-VALE

Nesta semana de carnaval
entrei no clima de momo
às avessas.

Fique com tanta preguiça,
que me senti Macunaima.

Com as placas cerebrais enroladas,
não escrevi nenhum reles verso.

Até a leitura de jornal deu sono.

Vendo tanto índio desfilando na Sapucaí
mais a cantilena ufanista televisiva,
fui induzido  ao espírito da Tropicália
contido no Manifesto Antropofágico,
do modernista(?) Oswald de Andrade,
mas parei nas primeiras páginas
para não assassinar Ghoete.
Sou verde-amarelo, sim Senhor,
entretanto, não sou xenófobo.