A natureza nos proporciona amiúde
momentos específicos grandiosos,
entretanto em diversas oportunidades
os mesmos passam-nos despercebidos,
porque distraídos em outros misteres
perdemos espetáculos imperdíveis
sob a justificativa de que estávamos
pressionados por eventos cotidianos:
a fila interminável de acesso
aos guichês das casas lotéricas,
que embaralham aquela fezinha
nos jogos de azar permitidos;
É o programa esportivo, no canal fechado,
informando a provável escalação do time
para a rodada de domingo
A nossa atenção concentrada na noticia
postada no site de variedades e fuxicos,
falando sobre o implante de unha no pé da atriz,
estrela móvel, da novela da grade global...
Depois, no dia seguinte, ficamos sabendo,
que um arco-íris no céu, querendo nos ver,
aborrecido e cansado com a nossa ausência,
recolheu as cores e partiu para outro planeta.
sexta-feira, 30 de janeiro de 2015
quarta-feira, 28 de janeiro de 2015
AQUELAS FÉRIAS
As férias da minha infância
ocorriam em um velho sítio
distante, no meio do mato,
onde a natureza orquestrava
a sinfonia dos aromas e das cores...
Nos verões daquele tempo,
o mundo se transformava
nas águas brancas do riacho,
que passava atrás da habitação
em meio às árvores centenárias,
que protegiam nossos olhos
dos raios infravermelhos...
Nas manhãs, a gente andava
pelas trilhas abertas do campo
em torno dos açudes e dos morros
por onde os quero-queros
faziam seus alaridos...
Na volta do passeio, eu entrava em transe
dentro das brochuras, retiradas dos caixotes,
ali a minha espera desde o ano anterior...
Pelas páginas encantadas daqueles livros
eu era conduzido pelas mãos de Mario Quintana,
Erico, Alencar, Machado, Dumas, Vitor Hugo...
Eu, esquecido de mim, não ouvia o chamado
para o almoço que estava há tempo na mesa
nem para o doce de abóbora, feito pela avó...
O dia avançava, as horas desciam pela tarde,
mas naqueles dias mágicos, o tempo parava...
ocorriam em um velho sítio
distante, no meio do mato,
onde a natureza orquestrava
a sinfonia dos aromas e das cores...
Nos verões daquele tempo,
o mundo se transformava
nas águas brancas do riacho,
que passava atrás da habitação
em meio às árvores centenárias,
que protegiam nossos olhos
dos raios infravermelhos...
Nas manhãs, a gente andava
pelas trilhas abertas do campo
em torno dos açudes e dos morros
por onde os quero-queros
faziam seus alaridos...
Na volta do passeio, eu entrava em transe
dentro das brochuras, retiradas dos caixotes,
ali a minha espera desde o ano anterior...
Pelas páginas encantadas daqueles livros
eu era conduzido pelas mãos de Mario Quintana,
Erico, Alencar, Machado, Dumas, Vitor Hugo...
Eu, esquecido de mim, não ouvia o chamado
para o almoço que estava há tempo na mesa
nem para o doce de abóbora, feito pela avó...
O dia avançava, as horas desciam pela tarde,
mas naqueles dias mágicos, o tempo parava...
segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
PARECIA BONITO!
Quando era criança pensava
que o propalado jeitinho
(nosso jeitinho brasileiro)
fosse um jeito estiloso
de resolver situações
do nosso cotidiano
sem maiores prejuízos
à ordem estabelecida...
Claro que eu não possuía
discernimento adequado
à análise pressuposta
adrede às linhas acima.
Quero dizer que minha inocência
não captava o embróglio;
não sabia ler as entrelinhas
inerentes ao sistema...
que o propalado jeitinho
(nosso jeitinho brasileiro)
fosse um jeito estiloso
de resolver situações
do nosso cotidiano
sem maiores prejuízos
à ordem estabelecida...
Claro que eu não possuía
discernimento adequado
à análise pressuposta
adrede às linhas acima.
Quero dizer que minha inocência
não captava o embróglio;
não sabia ler as entrelinhas
inerentes ao sistema...
sábado, 24 de janeiro de 2015
A VOLATILIDADE DA PALAVRA
Andando pela rua em determinados dias
ou ocupado com alguma tarefa inadiável
chega-nos, de repente, um cabedal de signos;
palavras soltas pedindo passagem...
Os vocábulos ricocheteiam em nossa cabeça,
reclamam porque não estamos a postos
para ordená-los no papel, no pc, no tablet;
enfim querem vir à luz através de um poema...
Entretanto, no momento adequado, em tese,
desincumbidos das coisas que nos prendiam,
quando convocamos aqueles vocábulos inquietos,
os mesmos já batem à porta de outro poeta...
ou ocupado com alguma tarefa inadiável
chega-nos, de repente, um cabedal de signos;
palavras soltas pedindo passagem...
Os vocábulos ricocheteiam em nossa cabeça,
reclamam porque não estamos a postos
para ordená-los no papel, no pc, no tablet;
enfim querem vir à luz através de um poema...
Entretanto, no momento adequado, em tese,
desincumbidos das coisas que nos prendiam,
quando convocamos aqueles vocábulos inquietos,
os mesmos já batem à porta de outro poeta...
quinta-feira, 22 de janeiro de 2015
CRONOGRAMA
Nossa vinda para cá não ocorreu por acaso
Não viemos à terra participar de um piquenique
Não estamos aqui para ficar de braços cruzados
Viemos aqui para da cabo da nossa missão,
entretanto, durante nossa passagem pelo planeta
raramente lembramos de honrar nossos compromissos.
Não viemos à terra participar de um piquenique
Não estamos aqui para ficar de braços cruzados
Viemos aqui para da cabo da nossa missão,
entretanto, durante nossa passagem pelo planeta
raramente lembramos de honrar nossos compromissos.
segunda-feira, 19 de janeiro de 2015
UM PARA FRENTE, OUTRO PARA TRÁS
Na longa caminhada em direção ao conhecimento
temos andado em círculos através do percurso,
bebido, muitas vezes, em fontes contaminadas
pelo excesso de idolatria aos ídolos de papel.
Temos crido em preceitos dogmáticos,
engendrados á revelia da racionalidade,
costurados com a linha do sofista;
ferramentas de manutenção do poder.
Temos nos atido em picuinhas ilusórias,
abandonado o foco das prioridades,
embarcado na canoa das crendices;
refutado o princípio das leis naturais.
Temos crido que o mundo surgiu do nada,
que tudo não passa de obra do acaso,
que sem mais nem menos de repente
o nada começou a criar e continua criando.
temos andado em círculos através do percurso,
bebido, muitas vezes, em fontes contaminadas
pelo excesso de idolatria aos ídolos de papel.
Temos crido em preceitos dogmáticos,
engendrados á revelia da racionalidade,
costurados com a linha do sofista;
ferramentas de manutenção do poder.
Temos nos atido em picuinhas ilusórias,
abandonado o foco das prioridades,
embarcado na canoa das crendices;
refutado o princípio das leis naturais.
Temos crido que o mundo surgiu do nada,
que tudo não passa de obra do acaso,
que sem mais nem menos de repente
o nada começou a criar e continua criando.
sábado, 17 de janeiro de 2015
PRECISAMOS EVOLUIR
Se porventura um extra terráqueo
proveniente de outro mundo
relativamente mais adiantado
houvesse descido aqui no planeta
lá pelos anos sessenta ou setenta,
observado a gente en passant
e hoje de regresso para uma espiada;
lhe fosse pedido um relatório,
certamente apontaria no laudo
o diagnóstico de um sistema contraditório:
um acentuado avanço tecnológico
em contraste com a miséria espiritual.
proveniente de outro mundo
relativamente mais adiantado
houvesse descido aqui no planeta
lá pelos anos sessenta ou setenta,
observado a gente en passant
e hoje de regresso para uma espiada;
lhe fosse pedido um relatório,
certamente apontaria no laudo
o diagnóstico de um sistema contraditório:
um acentuado avanço tecnológico
em contraste com a miséria espiritual.
quarta-feira, 14 de janeiro de 2015
O SOL E A CHUVA
De repente, no meio da tarde,
um nuvem do tamanho de uma agulha
juntou-se a outras semelhantes
e formaram em rápidos minutos
uma tapeçaria escura e densa
sobre a tela azul, imperadora da tarde...
A nuvem convocou a química do tempo;
veio o vento, vieram os relâmpagos
vieram os raios, vieram os trovões,
veio o pavor dos efeitos das tempestades...
Meia hora após o evento vimos o sol
nos espiando de um jeito diferente.
Parece que o Astro-Rei pedia desculpas
por se ter escondido durante a chuva...
um nuvem do tamanho de uma agulha
juntou-se a outras semelhantes
e formaram em rápidos minutos
uma tapeçaria escura e densa
sobre a tela azul, imperadora da tarde...
A nuvem convocou a química do tempo;
veio o vento, vieram os relâmpagos
vieram os raios, vieram os trovões,
veio o pavor dos efeitos das tempestades...
Meia hora após o evento vimos o sol
nos espiando de um jeito diferente.
Parece que o Astro-Rei pedia desculpas
por se ter escondido durante a chuva...
sábado, 10 de janeiro de 2015
MARCEL PROUST
Coisa interessante a abstração da arte
a mexer com os sentidos e a intelecção
a nos transportar para outra realidade,
mas ainda realidade, pois tal signo abrange
tudo em torno e afastado do indivíduo
porque quando nos abstraímos sobremaneira
da dita realidade objetiva e concreta
não ficaremos por certo desamparados,
pois ainda nos resta a realidade subjetiva...
Tais divagações vieram a ter comigo,
agora quando relia o volume primeiro
da obra Em busca do tempo perdido
do memorável Marcel Proust,
me encontrando fustigado pela canícula,
que assola nosso lendário PA-TRO-PI,
mesmo estando no sul do gigante adormecido,
ainda assim o termômetro confessa 35ºC...
Estava naquela passagem em que o autor nos revela:
"Depois acontecia uma simples variação atmosférica
rica bastante para provocar em mim essa modulação
sem que houvesse a necessidade de aguardar
o retorno de uma estação do ano. Pois muitas vezes
encontramos perdido em uma delas um dia de outra estação..."
Que reconforto, que felicidade para a alma podermos conectar
a aura espiritual e poética de um gênio de tal dimensão...
a mexer com os sentidos e a intelecção
a nos transportar para outra realidade,
mas ainda realidade, pois tal signo abrange
tudo em torno e afastado do indivíduo
porque quando nos abstraímos sobremaneira
da dita realidade objetiva e concreta
não ficaremos por certo desamparados,
pois ainda nos resta a realidade subjetiva...
Tais divagações vieram a ter comigo,
agora quando relia o volume primeiro
da obra Em busca do tempo perdido
do memorável Marcel Proust,
me encontrando fustigado pela canícula,
que assola nosso lendário PA-TRO-PI,
mesmo estando no sul do gigante adormecido,
ainda assim o termômetro confessa 35ºC...
Estava naquela passagem em que o autor nos revela:
"Depois acontecia uma simples variação atmosférica
rica bastante para provocar em mim essa modulação
sem que houvesse a necessidade de aguardar
o retorno de uma estação do ano. Pois muitas vezes
encontramos perdido em uma delas um dia de outra estação..."
Que reconforto, que felicidade para a alma podermos conectar
a aura espiritual e poética de um gênio de tal dimensão...
quarta-feira, 7 de janeiro de 2015
ÁS VEZES...
Às vezes, fico perguntando-me
coisas tão obvias
que as repostas constrangem
o ato de perguntar,
por exemplo, quando conjecturo:
onde fica a casa de quem não tem casa?
Qual a ideologia do político oposicionista,
crítico ferrenho do situacionista,
que ao virar situação,
governa da forma que combatia do lado de fora do balcão?
Por que nós batemos no peito, dizendo, somos cristãos,
mas se alguém, meio suspeito, na rua nos pede um trocado,
não correspondemos e ainda justificamos nossa negativa:
tenha paciência, eu não dou nada para usuários de droga
ou ainda, se o pedido de socorro vem de alguém
que possui um penca de filhos, gritamos ao vento:
que gente sem juízo, parindo que nem rato...
coisas tão obvias
que as repostas constrangem
o ato de perguntar,
por exemplo, quando conjecturo:
onde fica a casa de quem não tem casa?
Qual a ideologia do político oposicionista,
crítico ferrenho do situacionista,
que ao virar situação,
governa da forma que combatia do lado de fora do balcão?
Por que nós batemos no peito, dizendo, somos cristãos,
mas se alguém, meio suspeito, na rua nos pede um trocado,
não correspondemos e ainda justificamos nossa negativa:
tenha paciência, eu não dou nada para usuários de droga
ou ainda, se o pedido de socorro vem de alguém
que possui um penca de filhos, gritamos ao vento:
que gente sem juízo, parindo que nem rato...
domingo, 4 de janeiro de 2015
EFEMERIDADES
Através de um quadro comparativo
alguém dissertou em aleatória ocasião
que a vida se assemelha por vezes
às nuances do comportamento climático:
Um dia o sol avassalador sob um céu limpo
vem queimar a pele do indivíduo distraído
mas eis que de repente como que por encanto
surge abaixo do disco do sol uma nuvem amiga
acompanhada de uma brisa balsámica
para o refrigério da alma do peregrino...
Assim também muitas vezes a vida
nos revela sua face mais árida
através os desertos existenciais,
entretanto, já cansados e sem esperanças
nos deparamos com um oásis verdejante
à nossa frente, na linha do horizonte...
alguém dissertou em aleatória ocasião
que a vida se assemelha por vezes
às nuances do comportamento climático:
Um dia o sol avassalador sob um céu limpo
vem queimar a pele do indivíduo distraído
mas eis que de repente como que por encanto
surge abaixo do disco do sol uma nuvem amiga
acompanhada de uma brisa balsámica
para o refrigério da alma do peregrino...
Assim também muitas vezes a vida
nos revela sua face mais árida
através os desertos existenciais,
entretanto, já cansados e sem esperanças
nos deparamos com um oásis verdejante
à nossa frente, na linha do horizonte...
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