Minha vida mudou
depois que conheci Meg e Maya
Esses seres incríveis preechem
todas as lacunas da minha existência,
e eu não sei o que faria
sem as suas companhias.
O tédio fica do lado de fora
da nossa relação quase perfeita
e jamais passamos pelo túnel
da crise de ciumes doentios
pois dividimos o amor
na medida exata das nossas carências.
Quando saimos a passear
eu levo as meninas no colo
e ao chegarmos no parque
as deixo brincando na grama
No fim da tarde,
ao voltarmos para casa
elas me acompanham, uma de cada lado,
felizes; pulando, brincando, latindo...
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
MEU VOTO
Quando, por descuido,
perdi meu voto,
um político inescrupuloso
o encontrou e se elegeu com ele.
Injuriado, reclamei na justiça
mas, o Tribunal foi taxativo:
voto achado não é voto roubado
portanto, doravante seja mais cautoloso
com seus pertences.
De outra feita, plantei meu voto
num terreno aparentemente fértil
mas veio a interpérie
e a semente estiolada
não frutificou.
Eu tenho andando ansioso,
nos últimos dias,
à medida que se aproxima
a data do pleito
e a responsabilidade bate
à minha porta.
Mas ontem recebi uma carta do meu voto
a qual resumirei em algumas linhas:
"Meu carrasco, estou fugindo para fora do teu alcance,
cansei de ser escravo do teu desejo.
Tu nunca me consultaste,
sempre me empurraste
para onde bem quiseste,
mas agora chega"
perdi meu voto,
um político inescrupuloso
o encontrou e se elegeu com ele.
Injuriado, reclamei na justiça
mas, o Tribunal foi taxativo:
voto achado não é voto roubado
portanto, doravante seja mais cautoloso
com seus pertences.
De outra feita, plantei meu voto
num terreno aparentemente fértil
mas veio a interpérie
e a semente estiolada
não frutificou.
Eu tenho andando ansioso,
nos últimos dias,
à medida que se aproxima
a data do pleito
e a responsabilidade bate
à minha porta.
Mas ontem recebi uma carta do meu voto
a qual resumirei em algumas linhas:
"Meu carrasco, estou fugindo para fora do teu alcance,
cansei de ser escravo do teu desejo.
Tu nunca me consultaste,
sempre me empurraste
para onde bem quiseste,
mas agora chega"
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
PRIMAVERA
Durante o último inverno
eu estive circunspecto,
cerebral e reflexivo;
meditando sobre o livro
de John dos Passos:
"A Juventude Passa".
Mas ontem à tarde
quando eu espairecia
sobre o meu alpendre
aconteceu algo diferente:
eu passei a ouvir
na minha vitrola interior
a sinfonia de Vivaldi.
Eis que de repente
avistei um céu azul
como eu não via há muito tempo,
aspirei aromas de flores silvestres,
ouvi cantos de rouxinóis extintos
e uma dose de nostalgia
penetrou no meu coração:
a primavera estava voltando.
eu estive circunspecto,
cerebral e reflexivo;
meditando sobre o livro
de John dos Passos:
"A Juventude Passa".
Mas ontem à tarde
quando eu espairecia
sobre o meu alpendre
aconteceu algo diferente:
eu passei a ouvir
na minha vitrola interior
a sinfonia de Vivaldi.
Eis que de repente
avistei um céu azul
como eu não via há muito tempo,
aspirei aromas de flores silvestres,
ouvi cantos de rouxinóis extintos
e uma dose de nostalgia
penetrou no meu coração:
a primavera estava voltando.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
SONHOS
Muitos poetas famosos já foram contemplados
com sonhos maravilhosos.
Lembro do inglês, Samuel Coligdere, que sonhou
um sonho dentro de outro sonho,
então, numa noite, tocou uma flor no paraíso
e ao acordar a flor estava no leito do poeta.
E, Roberto Carlos, que sonhou
com o quintal do vizinho florido,
e ao sair à porta, depois de acordar
o vizinho estava de mão estendida
lhe oferecendo uma flor.
Entre tantos, ainda tem Raul Seixas
sonhando com a terra parada por um dia.
Imagine um dia inteiro, o mundo isento de maldade.
Que maravilha!
Pois é, mas as pessoas comuns também sonham,
ainda que sonhos não tão edificantes quanto.
Inclusive eu guardo comigo
um sonho adormecido há muito tempo:
Eu sonhei que era um personagem
do dramaturgo Plinio Marcos,
em fuga para a Noruega.
com sonhos maravilhosos.
Lembro do inglês, Samuel Coligdere, que sonhou
um sonho dentro de outro sonho,
então, numa noite, tocou uma flor no paraíso
e ao acordar a flor estava no leito do poeta.
E, Roberto Carlos, que sonhou
com o quintal do vizinho florido,
e ao sair à porta, depois de acordar
o vizinho estava de mão estendida
lhe oferecendo uma flor.
Entre tantos, ainda tem Raul Seixas
sonhando com a terra parada por um dia.
Imagine um dia inteiro, o mundo isento de maldade.
Que maravilha!
Pois é, mas as pessoas comuns também sonham,
ainda que sonhos não tão edificantes quanto.
Inclusive eu guardo comigo
um sonho adormecido há muito tempo:
Eu sonhei que era um personagem
do dramaturgo Plinio Marcos,
em fuga para a Noruega.
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
ARAPUCA
No início das eras
o homem primitivo percebeu
que usando apenas a força bruta
não seria capaz de atravessar a planície do tempo.
Então, com um pingo de malícia
inventou a arapuca.
Esse artefato rudimentar
talvez tenha sido responsável pela conservação da espécie,
pois com ele, o homem logrou os animais
através dos séculos.
Depois o artefato foi remasterizado, burilado, guaribado
e hoje o encontramos nas grandes metrópoles, principalmente,
em épocas eleitoreiras.
Dizem os especialistas que as arapucas são infalíveis
quando colocadas estrategicamente
pois criam campos magenéticos,
sucçores de votos por excelência.
Talvez, um dia no futuro,
os votos adquiram anticorpos resistentes
e se transformem em presas difíceis,
mas até lá...
o homem primitivo percebeu
que usando apenas a força bruta
não seria capaz de atravessar a planície do tempo.
Então, com um pingo de malícia
inventou a arapuca.
Esse artefato rudimentar
talvez tenha sido responsável pela conservação da espécie,
pois com ele, o homem logrou os animais
através dos séculos.
Depois o artefato foi remasterizado, burilado, guaribado
e hoje o encontramos nas grandes metrópoles, principalmente,
em épocas eleitoreiras.
Dizem os especialistas que as arapucas são infalíveis
quando colocadas estrategicamente
pois criam campos magenéticos,
sucçores de votos por excelência.
Talvez, um dia no futuro,
os votos adquiram anticorpos resistentes
e se transformem em presas difíceis,
mas até lá...
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
O COMÍCIO
Ontem, nós ornamentamos a praça,
fechamos as ruas adjacentes,
retiramos os vadios das esquinas
e ficamos esperando a festa.
Vieram os representantes de todos os partidos;
a gente exultava apreciando
os belos discursos pronunciados
por aqueles senhores bem-nascidos,
perfumados e bem vestidos.
Depois veio a imprensa inteira
para credibilizar o evento
e também vieram os músicos,
e executaram as tops da parada,
e foi grande o deleite geral;
nós que ali estávamos,
recitávamos em êxtase:
liberdade, igualdade e fraternidade.
Mas nem tudo é perfeito na terra
e êfemeras, as alegrias deste mundo,
então, eis que de repente surgiu
a turba formada por doentes, mendigos e famintos
e o cheiro da miséria se instalou no ar,
e o medo preencheu todas as lacunas disponíveis,
e como se uma bomba de gás letal
houvesse sido lançada no espaço;
os políticos engomados debandaram,
os músicos populares fugiram,
a mídia toda escafedeu.
Até parecia que o mundo se acabava,
o pânico tomou conta de tudo
e nós estamos correndo até agora.
fechamos as ruas adjacentes,
retiramos os vadios das esquinas
e ficamos esperando a festa.
Vieram os representantes de todos os partidos;
a gente exultava apreciando
os belos discursos pronunciados
por aqueles senhores bem-nascidos,
perfumados e bem vestidos.
Depois veio a imprensa inteira
para credibilizar o evento
e também vieram os músicos,
e executaram as tops da parada,
e foi grande o deleite geral;
nós que ali estávamos,
recitávamos em êxtase:
liberdade, igualdade e fraternidade.
Mas nem tudo é perfeito na terra
e êfemeras, as alegrias deste mundo,
então, eis que de repente surgiu
a turba formada por doentes, mendigos e famintos
e o cheiro da miséria se instalou no ar,
e o medo preencheu todas as lacunas disponíveis,
e como se uma bomba de gás letal
houvesse sido lançada no espaço;
os políticos engomados debandaram,
os músicos populares fugiram,
a mídia toda escafedeu.
Até parecia que o mundo se acabava,
o pânico tomou conta de tudo
e nós estamos correndo até agora.
terça-feira, 7 de setembro de 2010
SEJAMOS BRASILEIROS!
Meu Deus brasileiro,
hoje é 7 de setembro
neste Pa-tro-pi,
majestoso continente
que vai lá em cima no Yapoque
e desce aqui em baixo no Chui.
Meu Deus Tupiniquim perdoa
teus filhos estúpidos,
que tantas vezes esquecemos
que somos brasileiros
e cometemos tantos crimes bárbaros
e pisoteamos este chão,
queimamos esta terra,
envenanamos nossos rios,
assassinamos nossos indios,
negamos a educação aos carentes,
esquecemos da sáude do povo,
retiramos a segurança das ruas...
mas, cinicamente, batendo no peito, gritamos:
somos patriotas!
hoje é 7 de setembro
neste Pa-tro-pi,
majestoso continente
que vai lá em cima no Yapoque
e desce aqui em baixo no Chui.
Meu Deus Tupiniquim perdoa
teus filhos estúpidos,
que tantas vezes esquecemos
que somos brasileiros
e cometemos tantos crimes bárbaros
e pisoteamos este chão,
queimamos esta terra,
envenanamos nossos rios,
assassinamos nossos indios,
negamos a educação aos carentes,
esquecemos da sáude do povo,
retiramos a segurança das ruas...
mas, cinicamente, batendo no peito, gritamos:
somos patriotas!
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
João da Silva
João da Silva
roubou o discurso
de um candidato de primeira eleição
e comeu o pão que o Diabo amassou;
em meio às agruras do Presidio Central,
desejou o suicídio, mas , adaptável por
excelência, como todo homem, João
acabou assimilando o trato da casa.
Quando João obteve a liberdade
viveu o inferno discriminatório.
Na condição de ex-presidiário
lhe faltou o afeto, o emprego, o pão...
Revoltado, João roubou a caneta do Prefeito
e foi preso pela 2ª vez,
e reencontrou os antigos colegas,
a moradia e um pouco de comida;
mas logo foi solto.
E veio a miséria, a fúria, a raiva...
Sob o império da fome, com o olhar lacrimejante,
João babava, sonhando com a ração servida na cadeia,
mas entre o delírio e a realidade
se sobrepunha o cansaço, a loucura e a neurose.
Desesperado, numa noite, João juntou as poucas forças
que ainda lhe restavam, invadiu o Presídio
e matou o carcereiro.
roubou o discurso
de um candidato de primeira eleição
e comeu o pão que o Diabo amassou;
em meio às agruras do Presidio Central,
desejou o suicídio, mas , adaptável por
excelência, como todo homem, João
acabou assimilando o trato da casa.
Quando João obteve a liberdade
viveu o inferno discriminatório.
Na condição de ex-presidiário
lhe faltou o afeto, o emprego, o pão...
Revoltado, João roubou a caneta do Prefeito
e foi preso pela 2ª vez,
e reencontrou os antigos colegas,
a moradia e um pouco de comida;
mas logo foi solto.
E veio a miséria, a fúria, a raiva...
Sob o império da fome, com o olhar lacrimejante,
João babava, sonhando com a ração servida na cadeia,
mas entre o delírio e a realidade
se sobrepunha o cansaço, a loucura e a neurose.
Desesperado, numa noite, João juntou as poucas forças
que ainda lhe restavam, invadiu o Presídio
e matou o carcereiro.
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