Ontem, nós ornamentamos a praça,
fechamos as ruas adjacentes,
retiramos os vadios das esquinas
e ficamos esperando a festa.
Vieram os representantes de todos os partidos;
a gente exultava apreciando
os belos discursos pronunciados
por aqueles senhores bem-nascidos,
perfumados e bem vestidos.
Depois veio a imprensa inteira
para credibilizar o evento
e também vieram os músicos,
e executaram as tops da parada,
e foi grande o deleite geral;
nós que ali estávamos,
recitávamos em êxtase:
liberdade, igualdade e fraternidade.
Mas nem tudo é perfeito na terra
e êfemeras, as alegrias deste mundo,
então, eis que de repente surgiu
a turba formada por doentes, mendigos e famintos
e o cheiro da miséria se instalou no ar,
e o medo preencheu todas as lacunas disponíveis,
e como se uma bomba de gás letal
houvesse sido lançada no espaço;
os políticos engomados debandaram,
os músicos populares fugiram,
a mídia toda escafedeu.
Até parecia que o mundo se acabava,
o pânico tomou conta de tudo
e nós estamos correndo até agora.
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
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Show!
ResponderEliminarDemais, meu amigo Dilmar!
Bravo!!!
enorme abraço...
Amiga, obrigado pela visita permante ao meu blog.
ResponderEliminarUm grande abraço.
Não é só "uma pitada de poesia". É um poema feito da legitimidade dos cidadãos, dos direitos subtraídos e dos deveres esquecidos.
ResponderEliminarGostei do tom conferencial.
Um beijo