Civilização e evolução
não caminham pari e passu.
Um indivíduo com algum verniz
provavelmente enganará aos incautos
e a si próprio, elegendo a norma
da esperteza como bússola.
O ser evoluído passa ao Norte
dos interesses unilaterais
esquece do umbigo
e olha consternado
a irmandade trôpega.
segunda-feira, 30 de outubro de 2017
terça-feira, 24 de outubro de 2017
CULTURA POPULAR
Engana-se quem pensa
que pessoas simples,
destituídas de algum verniz,
são ineptas em relação
às demandas fraseológicas.
Pois apesar da bagagem restrita,
essa gente constrói, a seu modo,
ditos sagazes e até graciosos,
que, por vezes, derrubam as cortinas
que criamos em nosso entorno.
Nós,dependentes
da cultura estratificada,
por conta da nossa soberba,
gostamos de torcer as narinas
à sapiência popular,
como se não houvesse vida
para além das nossas muralhas.
Dentre as construções interessantes
que ouço cotidianamente
proferidas pelo povo de pouca escola,
esta anotei num caderno:
"Aqueles clarões, antes da chuva,
pareciam caixas de fósforos gigantes,
riscadas em sequência, na vidraça do céu"
que pessoas simples,
destituídas de algum verniz,
são ineptas em relação
às demandas fraseológicas.
Pois apesar da bagagem restrita,
essa gente constrói, a seu modo,
ditos sagazes e até graciosos,
que, por vezes, derrubam as cortinas
que criamos em nosso entorno.
Nós,dependentes
da cultura estratificada,
por conta da nossa soberba,
gostamos de torcer as narinas
à sapiência popular,
como se não houvesse vida
para além das nossas muralhas.
Dentre as construções interessantes
que ouço cotidianamente
proferidas pelo povo de pouca escola,
esta anotei num caderno:
"Aqueles clarões, antes da chuva,
pareciam caixas de fósforos gigantes,
riscadas em sequência, na vidraça do céu"
quinta-feira, 19 de outubro de 2017
OS POETAS
Neste dia do poeta, vai esta singela homenagem
aos poetas que reverencio em primeiro plano.
Quando três poetas famosos
ascenderam ao mundo espiritual,
os mestres dos respectivos artistas
perguntaram o que eles gostariam
de ter feito na terra caso não houvessem
optado pelo mundo das letras.
Jorge Luis Borges respondeu:
gostaria de ter sido ourives
para restaurar com pedras preciosas
a Biblioteca da Alexandria.
Teria revestido com ouro genuíno
o acervo completo da Biblioteca
Nacional de Buenos Aires.
Teria recolhido os vocábulos maltratados
pelas pessoas avessas
ao bom uso da língua
e os lapidados para devolve-los
ao altar do idioma,
porque a palavra é sagrada.
Fernando Pessoa falou:
quisera ter sido um jardineiro
para cantar todas as flores
existentes no mundo,
inclusive aquelas que passam
desapercebidas pelos indivíduos apressados,
e o meu contentamento não teria sido menor
que a alegria de ter poetizado a vida.
Para cuidar das flores
não é necessário criar artifícios
nem dar outro sentido às palavras
além daquele intrínseco às mesmas.
Não é nem mesmo necessário
dar nome às flores.
Também não é necessário filosofia no trato com elas.
Para ler o livro que as flores escrevem na natureza
é preciso apenas ter olhos, olfato, sentimentos
e desapego de toda a vaidade.
Mario Quintana disse:
eu gostaria de ter sido o gestor
de uma biblioteca de sonhos ;
uma casa aberta aos oníricos,
pessoas não compreendidas na terra,
que sonham, solitárias, com medo
de perturbar a vida ordenada
dos indivíduos materialistas
que catalogam como loucura
qualquer atitude não padronizada,
processada pelas pessoas distraídas.
Durante minha vida inteira
fui testemunha ocular
da incompreensão sofrida pelo sonhador;
aaté questionaram minha sexualidade
- diziam; ah, o Mário não gosta de mulher -
porque eu nunca casei.
Justamente eu, que amava a todas as mulheres,
mas não seria adequado nem recomendável,
que eu entregasse minha vida a uma delas,
pois eu não podia perder a graça das musas,
seres especiais, únicos e caprichosos...
Para completar a questão,
talvez eu não pudesse ter sido outra coisa,
senão aquilo que fui, pois, quem sabe, no fundo,
sonhador e poeta sejam grãos da mesma seara.
aos poetas que reverencio em primeiro plano.
Quando três poetas famosos
ascenderam ao mundo espiritual,
os mestres dos respectivos artistas
perguntaram o que eles gostariam
de ter feito na terra caso não houvessem
optado pelo mundo das letras.
Jorge Luis Borges respondeu:
gostaria de ter sido ourives
para restaurar com pedras preciosas
a Biblioteca da Alexandria.
Teria revestido com ouro genuíno
o acervo completo da Biblioteca
Nacional de Buenos Aires.
Teria recolhido os vocábulos maltratados
pelas pessoas avessas
ao bom uso da língua
e os lapidados para devolve-los
ao altar do idioma,
porque a palavra é sagrada.
Fernando Pessoa falou:
quisera ter sido um jardineiro
para cantar todas as flores
existentes no mundo,
inclusive aquelas que passam
desapercebidas pelos indivíduos apressados,
e o meu contentamento não teria sido menor
que a alegria de ter poetizado a vida.
Para cuidar das flores
não é necessário criar artifícios
nem dar outro sentido às palavras
além daquele intrínseco às mesmas.
Não é nem mesmo necessário
dar nome às flores.
Também não é necessário filosofia no trato com elas.
Para ler o livro que as flores escrevem na natureza
é preciso apenas ter olhos, olfato, sentimentos
e desapego de toda a vaidade.
Mario Quintana disse:
eu gostaria de ter sido o gestor
de uma biblioteca de sonhos ;
uma casa aberta aos oníricos,
pessoas não compreendidas na terra,
que sonham, solitárias, com medo
de perturbar a vida ordenada
dos indivíduos materialistas
que catalogam como loucura
qualquer atitude não padronizada,
processada pelas pessoas distraídas.
Durante minha vida inteira
fui testemunha ocular
da incompreensão sofrida pelo sonhador;
aaté questionaram minha sexualidade
- diziam; ah, o Mário não gosta de mulher -
porque eu nunca casei.
Justamente eu, que amava a todas as mulheres,
mas não seria adequado nem recomendável,
que eu entregasse minha vida a uma delas,
pois eu não podia perder a graça das musas,
seres especiais, únicos e caprichosos...
Para completar a questão,
talvez eu não pudesse ter sido outra coisa,
senão aquilo que fui, pois, quem sabe, no fundo,
sonhador e poeta sejam grãos da mesma seara.
segunda-feira, 16 de outubro de 2017
A ESCÓRIA EXISTE, MAS NÃO SOMOS A ESCÓRIA
Em determinados momentos,
cheguei a conjecturar, que
a escória do mundo
está aqui.
Tal acontece, sobretudo, quando
me falam, quando leio
sobre a patifaria
reinante.
Porém, é um erro pensar assim.
Por certo, há que se separar
as batatas podres
das sadias.
Tal qual um blasfemo incontido
já falei mal deste país,
dizendo: a saída
é o aeroporto.
Apesar do dito e do pensado
o aventado não procede,
porque estamos sobre
um solo sagrado.
Brasil, dos bons brasileiros,
não tens culpa
se uma minoria vagabunda
enxovalha teu corpo.
cheguei a conjecturar, que
a escória do mundo
está aqui.
Tal acontece, sobretudo, quando
me falam, quando leio
sobre a patifaria
reinante.
Porém, é um erro pensar assim.
Por certo, há que se separar
as batatas podres
das sadias.
Tal qual um blasfemo incontido
já falei mal deste país,
dizendo: a saída
é o aeroporto.
Apesar do dito e do pensado
o aventado não procede,
porque estamos sobre
um solo sagrado.
Brasil, dos bons brasileiros,
não tens culpa
se uma minoria vagabunda
enxovalha teu corpo.
quinta-feira, 12 de outubro de 2017
CRIAÇÕES MENTAIS
Sabe, aquelas pessoas
repetindo a toda a hora,
que vieram a este mundo
para sublimar o sofrimento
Dizem: na loteria do mundo
ficamos com o restolho podre,
estamos condenados à cruz
até o fim da existência.
Ficam lançando negativos
no etéreo, regularmente,
através de pensamentos,
de palavras e de atitudes
e essas coisas geradas
um dia serão vividas
mesmo que o gestor não queira,
porque toda a criação no astral
será, com certeza, manifestada.
repetindo a toda a hora,
que vieram a este mundo
para sublimar o sofrimento
Dizem: na loteria do mundo
ficamos com o restolho podre,
estamos condenados à cruz
até o fim da existência.
Ficam lançando negativos
no etéreo, regularmente,
através de pensamentos,
de palavras e de atitudes
e essas coisas geradas
um dia serão vividas
mesmo que o gestor não queira,
porque toda a criação no astral
será, com certeza, manifestada.
terça-feira, 10 de outubro de 2017
A PASSEIO OU A TRABALHO
Não soube o que dizer
quando me perguntaram
se agora, nesta existência,
eu viera a passeio
ou viera a trabalho.
Durante anos, a pergunta
adormecia e acordava
e eu me abstraia, pensando
e nada concluía.
E você, caro amigo,
cara amiga, sabe
porque
está
aqui?
quando me perguntaram
se agora, nesta existência,
eu viera a passeio
ou viera a trabalho.
Durante anos, a pergunta
adormecia e acordava
e eu me abstraia, pensando
e nada concluía.
E você, caro amigo,
cara amiga, sabe
porque
está
aqui?
quarta-feira, 4 de outubro de 2017
PARECE MENTIRA
Espantei-me com um indivíduo
que jogava pedras nos cães
e tocava água nos gatos
porque estes bichos latiam
e miavam a toda a hora
como se latir e miar
não fosse da natureza
destes animais.
Mas algo mais intrigante
ainda estava por vir:
a queixa de uma senhora
contra o canto dos pássaros
que a acordava pelas manhãs.
Peço a Deus para não encontrar
gente que reclame das crianças
a brincar, distraídas de si mesmas;
do aroma das flores na primavera
e dos sorrisos que houverem no mundo.
que jogava pedras nos cães
e tocava água nos gatos
porque estes bichos latiam
e miavam a toda a hora
como se latir e miar
não fosse da natureza
destes animais.
Mas algo mais intrigante
ainda estava por vir:
a queixa de uma senhora
contra o canto dos pássaros
que a acordava pelas manhãs.
Peço a Deus para não encontrar
gente que reclame das crianças
a brincar, distraídas de si mesmas;
do aroma das flores na primavera
e dos sorrisos que houverem no mundo.
segunda-feira, 2 de outubro de 2017
O VENTO
Como se fosse possível
o vento surgir do nada,
ir arrastando as coisas
que estão no caminho,
como se não houvesse
um elemento gerador
de fenômenos assim,
condutores do medo...
Aconteceu ontem
ao adentrar da noite,
um turbilhão de gases
varrendo a atmosfera,
arremessando a poeira,
sacudindo tudo em volta,
rasgando troncos de árvores
e nós mudos e impotentes...
O deus-bicho-homem
inventor da bomba H
e de outros brinquedos
venenosos e mortíferos,
que se pensa a cereja
do bolo da criação,
e até pode muita coisa,
mas ajoelha-se à natureza...
o vento surgir do nada,
ir arrastando as coisas
que estão no caminho,
como se não houvesse
um elemento gerador
de fenômenos assim,
condutores do medo...
Aconteceu ontem
ao adentrar da noite,
um turbilhão de gases
varrendo a atmosfera,
arremessando a poeira,
sacudindo tudo em volta,
rasgando troncos de árvores
e nós mudos e impotentes...
O deus-bicho-homem
inventor da bomba H
e de outros brinquedos
venenosos e mortíferos,
que se pensa a cereja
do bolo da criação,
e até pode muita coisa,
mas ajoelha-se à natureza...
Subscrever:
Mensagens (Atom)