Tapes, teipes e tipos,
a cidade, a terra, os indios,
a lagoa, a areia e o campo.
O vento vinha da praia
abrir nossas cortinas,
parece que vejo as gaivotas
trazendo o cheio da infancia.
A lagoa, o trapiche, o espaço.
O primeiro beijo na areia.
O ontem, o retorno, a quimera;
volume de água antiga,
mirando a praia no tempo,
um sonho velho, viajante,
barco encalhado no sal
da lágrima seca ao vento
A chuva da manhã, o arco-iris,
o cavalo, o passeio e a brisa.
O cheiro do malmequer sobre a relva
e o gosto do fruto maduro.
O perfume dos eucaliptos vestindo a campina,
o aroma de mel no corpo,
na tarde suave de junho,
o sol transpondo a curva,
que traz a noite no bojo
e os faróis dos vaga-lumes.
Meu pai trazia à tarde
o cheiro forte do bagre
pescado a linha no "quarenta",
lembrança, efeito bumerange
páginha virada...faz tempo!
Tempo que a memória alcança...
o desejo queimando o corpo
na noite cálida de abril,
na rua treze de maio:
a carne vendida a quilo
na balança do prostíbulo.
A areia quente da praia
beijando a pele bronzeada
da sereia, distante, à toa
viajando além do horizonte
no outro lado do mundo
onde o céu corta as águas,
a namorada da lagoa sonhando
com o príncipe das Arábias.
Eu quero andar à esmo,
atar as pontas do tempo,
rever o meu Pessegueiro
derramando flor no espaço,
colher o figo maduro
e degustá-lo sem pressa
no quintal da minha vida.
Eu quero marcar um gol
no campo do índio Ubirajara
no final do segundo tempo,
eu quero dourar o sonho
na sombra daquele umbú
antes que o jogo acabe.
Eu quero ir na prainha
logo abaixo da ponte,
beber no côncavo das mãos
a água azul da fonte,
na fonte que já não existe
Quero levar meu corpo na cachoeira,
banhar a alma à noite...
Ah!... Devaneios de um homem triste.
Homens, pobres mortais
trazemos dentro de nós
um cordão magnético
atado às primeiras lembranças
por isso falo alto o teu nome
e mesmo carente de talento
tento pintar o teu rosto,
e, se algum dia por equívoco
me extraviar na poeira mundana,
mas qual filho pródigo,
à casa retornarei,
através de um poema.
quinta-feira, 2 de julho de 2020
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Olá, Dilmar, quanto tempo, saudades desse cantinho!
ResponderEliminarO poema é maravilhoso, meu amigo, é um grito de saudades de tudo que se viveu, escrito com o coração em plena pandemia, momentos de dor em todos os cantos, momentos de saudades dos que partiram!Um bom fim de semana!
Grande abraço!
Já tinha saudade de ler os seus poemas, sempre fascinantes. É brilhante a sua forma de "brincar" com o trocadilho das palavras. Que poema lindíssimo aqui acabei de ler. Saio fascinado.
ResponderEliminar.
Tenha um dia de Paz e Amor
Não vale a pena ter devaneios tristes! Gostei de o ler, à quanto tempo!:)
ResponderEliminar.
Deambulo no baú dos sentimentos ...
Beijo e uma excelente Sexta Feira
Uau! Você simplesmente arrasou!!!
ResponderEliminarTeu poema fala dentro do leitor. Também me despertou algumas lembranças de quando eu era jovem. Era moda andar sempre bronzeada. A gente não usava saia de jeito nenhum lá em casa sem antes tomar um sol!
A praia era sempre o melhor local de diversão. O sol não matava, nem dava câncer...
Foi isso.
Abraços, bom final de semana!
Oi Dilmar!
ResponderEliminarMuito lindo teu poema. Trás saudades, tocaste nossos corações.
Abrçs
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarMeu querido você continua escrevendo aqui, nossa quanto tempo... Adorei reler! Abç
ResponderEliminarVisitando e perguntando porque não há publicações novas? Doente?
ResponderEliminar.
Saudação amiga
Um domingo feliz