Eu gostava da introdução
das prédicas dominicais
que começava assim:
"Naquele tempo...
A gente nem respirava
ansioso pela história
que seria contada...
Mas, por vezes
ficava desapontado
porque em meio à leitura
havia algum recheio,
proibição ou alerta,
que gerava culpa
a alguma atitude
do dia-a-dia,
assim, por exemplo,
ler o velho Machado
era desaconselhável,
pois o pai da Academia
era zombeteiro, sacrílego,
um homem sem religião...
Os poetas, uns exagerados
quase todos imorais,
Augusto dos Anjos,
então, pactado com o Demo...
O bom homem de Deus
queria saber das nossas leituras,
mas leituras piedosas...
Uma ocasião, copiei
o poema, Dorme Ruazinha,
e mostrei ao pároco
cheio de expectativa,
mas grande foi a decepção
diante da reprimenda:
"O Quintana é louco
pois rua não dorme!"
domingo, 4 de setembro de 2016
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rssss, o Quintana era louco? O pároco entendia de poesia, que coisa.
ResponderEliminarEra sempre "Naquele tempo ou Era uma vez..."
Mas naquele tempo, as 'profes' escoliam os livros para a classe e daí todas tínhamos que fazer a resenha. Minha rebeldia era de eu querer escolher!! Não era possível, até o dia em que apareci com 'O Muro', de Sartre!! Fui parar no gabinete da diretora!! E meu pai chamado no colégio devido a minha rebeldia...e o mal exemplo.
Abraços, amigo Dilmar.
Cara amiga Tais, pois é, naquele tempo era assim mesmo. Imagino a cena do diretor do colégio diante do vosso pai, dizendo este livro não pode, pois o autor é ateu e comunista...
EliminarUm abraço. Tenhas uma linda semana.
Corrigindo... "ESCOLHIAM".
EliminarDepois que foi ao ar é que notamos o erro! rss
abraço!
...Naquele tempo!Era tudo bem diferente. Gostei muito-
ResponderEliminarBeijo, e uma óptima semana.
http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/
Cara amiga Cidália, obrigado pela visita de além-mar. Um abraço daqui do sul do Brasil. Tenhas uma linda semana.
EliminarPois é, Dilmar, dependendo da formação das pessoas, não apenas cultural, mas também religiosa, sempre um ou outro escritor deve ser evitado. Machado de Assis já era o meu escritor favorito, nos tempos da faculdade, quando ouvi de um senhor, amigo da família, que não deveria ler “esse escritor, que não é visto com bons olhos pela Igreja”.
ResponderEliminarUm abraço.
Caro amigo Pedro, também sempre gostei do velho Machado, mas até pouco tempo, o conservadorismo religioso não o via com bons olhos. Mas até mesmo nosso Erico já foi visto por alguns segmentos ultraconservadores como indigesto.
EliminarUm abraço. Tenhas uma ótima semana.
"Naquele tempo..." Quando começamos a usar esta expressão frequentemente, é porque o tempo já não é mais este: envelhecemos.
ResponderEliminarPerfeitamente, cara amiga Ana. Obrigado pela visita. Um abraço. Tenhas uma linda semana.
EliminarAmei ler aqui, rsrs, eu lia muito, como já disse algumas vezes, minha madrinha tinha livraria, eu lia de graça, tomava conta da livraria e assim podia!
ResponderEliminarLi Machado de Assis, quase todos, pois eu nunca fui religiosa e isso me consolava, pois é, eu tinha amigas que não saiam das missas e outras que iam em igrejas "protestante" era assim que se dizia "naquele tempo",rsrs!
Ah, que tempo bom que era aquele, comparado com hoje eu até sinto saudade!
Sabe que, mesmo que eu releia os muitos livros que li, hoje não faz mais tanto sentido, que coisa que é isso de "amadurecer", nossa! O que ficou de lição valeu, o que há hoje nem sempre faz sentido.
Abraços meu amigo, és um letrado e conhecedor dos bons livros!
Cara Ivone, tu és feliz por essas belas recordações. Como eram gostosas as leituras daquela época e valeram muito. Eu também sinto uma saudade enorme daquele tempo.
EliminarObrigado pela visita. Um abraço. Tenhas, sei que terás, uma linda semana.
Cara Ivone, tu és feliz por essas belas recordações. Como eram gostosas as leituras daquela época e valeram muito. Eu também sinto uma saudade enorme daquele tempo.
EliminarObrigado pela visita. Um abraço. Tenhas, sei que terás, uma linda semana.
Acróstico
ResponderEliminarMário, um poeta transcendental
Álacre as vezes, genial contudo
Ruazinha que dorme bem normal
Induz o poeta a não ficar mudo
O mundo dele é de sonho afinal.
Quando ele se foi daquela praça
Uma rua que tranquila dormia
Interpreta que não tem mais graça
Nem sequer existe sua companhia
Tanta a saudade que jamais passa
Assim, a rua continua sendo via
Natural, que aquela noite abraça
Amargando vida sem poesia.
Perfeito meu caro amigo Jair, as ruazinhas de Porto Alegre já não mais as mesmas depois da partida do nosso poeta Mário. Elas estão tristes e já nem dormem mais.
ResponderEliminarUm abraço. Tenhas uma ótima semana.
Naquele tempo do Julinho, ops, acho que antes rs(música do Nelson Coelho de Castro). Adorei este poema histórico, praticamente, mostrando como eram vistos nossos ídolos, amo Augusto dos Anjos e o Machado querendo ou não era mulato e é o maior, mas fiquei com dó do Quintana tadinho, meu anjo, meu poeta. Muito bom estar aqui amigo.
ResponderEliminarps. Carinho respeito e abraço