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domingo, 1 de agosto de 2010

TAPES

Tapes, teipes e tipos,
a cidade, a terra, os indios,
a lagoa, a areia e o campo.
O vento vinha da praia
abrir nossas cortinas,
parece que vejo as gaivotas
trazendo o cheio da infancia.

A lagoa, o trapiche, o espaço.
O primeiro beijo na areia.
O ontem, o retorno, a quimera;
volume de água antiga,
mirando a praia no tempo,
um sonho velho, viajante,
barco encalhado no sal
da lágrima seca ao vento

A chuva da manhã, o arco-iris,
o cavalo, o passeio e a brisa.
O cheiro do malmequer sobre a relva
e o gosto do fruto maduro.
O perfume dos eucaliptos vestindo a campina,
o aroma de mel no corpo,
na tarde suave de junho,
o sol transpondo a curva,
que traz a noite no bojo
e os faróis dos vaga-lumes.

Meu pai trazia à tarde
o cheiro forte do bagre
pescado a linha no "quarenta",
lembrança, efeito bumerange
páginha virada...faz tempo!
Tempo que a memória alcança...
o desejo queimando o corpo
na noite cálida de abril,
na rua treze de maio:
a carne vendida a quilo
na balança do prostíbulo.

A areia quente da praia
beijando a pele bronzeada
da sereia, distante, à toa
viajando além do horizonte
no outro lado do mundo
onde o céu corta as águas,
a namorada da lagoa sonhando
com o príncipe das Arábias.

Eu quero andar à esmo,
atar as pontas do tempo,
rever o meu Pessegueiro
derramando flor no espaço,
colher o figo maduro
e degustá-lo sem pressa
no quintal da minha vida.
Eu quero marcar um gol
no campo do  índio Ubirajara
no final do segundo tempo,
eu quero dourar o sonho
na sombra daquele umbú
antes que o jogo acabe.

Eu quero ir na prainha
logo abaixo da ponte,
beber no côncavo das mãos
a água azul da fonte,
na fonte  que já não existe
Quero levar meu corpo na cachoeira,
banhar a alma à noite...
Ah!... Devaneios de um homem triste.

Homens, pobres mortais
trazemos dentro de nós
um cordão magnético
atado às primeiras lembranças
por isso falo alto o teu nome
e mesmo carente de talento
tento pintar o teu rosto,
e, se algum dia por equívoco
me extraviar na poeira mundana,
mas qual filho pródigo,
à casa retornarei,
através de um poema.

3 comentários:

  1. Lindo demais, amigo Dilmar!
    Gosto muito dessas lembranças de um tempo... Você faz uisso muito bem! Tem sensibilidade e tem técnica...
    Grande abraço!

    PS- fiquei muito feliz com sua visita!

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  2. A beleza verbaliza aqui, muita intensidade nos seus escritos! te sigo. abs

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  3. Dilmar,
    Você transformou lembranças com maestria em uma bela construção poética!!!!
    Vou linkar teu blog na lista dos meus indicados.
    Abraços

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