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segunda-feira, 29 de setembro de 2014

TRANSITÓRIOS E ETERNOS

Eu não devia me surpreender
com as carrancas de segunda-feira.
Entretanto custa-me aceitar
o mau humor estampado nos rostos.

Nesta existência determinada por ciclos
vejo no início de mais uma semana
oferta de novas possibilidades
para a ampliação do nosso aprendizado.

Tristezas não pagam dívidas,
sábia tirada do poeta popular.
Sabemos que a alegria não é uma constante
mas não vamos nos abater com os reveses.

Esta existência passa depressa
O trem da partida pode estar ali na esquina.
Somos passageiros da Galáxia.
Mais importante que a vida não acaba.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

NÓS, ELEITORES, ESTAMOS CONFUSOS DIANTE DA PERFEIÇÃO

Conversando outro dia
com amigo de longa data
pensei que ele havia
se inspirado no Poema Reto
de Fernando Pessoa,
entretanto declarou-me
que nunca lera aquele poema
o que, aliás, é uma pena
Até sugiro àqueles
que ainda não o leram,
mas gostam da poesia maior
que o façam, porque vale a pena.

Voltando ao início da arenga,
nosso papo era pouco poético,
pois meu amigo dizia-se indeciso
sobre em quem votar no próximo pleito,
porque todos os candidatos
propagandeavam excelsas virtudes,
em suma todos perfeitos.
Por fim afirmou-me : não é justo,
que eu, ser imperfeito,
conspurque com o meu voto
a imagem das vestais do Olimpo.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

VAMOS LÁ, NÃO DÓI, OU DÓI!?!?

Certo, muito certo, eu estava
de que não votaria neste pleito,
entretanto diz aquele velho aforismo:
certeza absoluta é privilégio dos idiotas.

E como ainda não estou idiotizado,
salvo se eu estiver engando.
(haja vista os humanos se enganarem)
Marcharei na direção da urna
como quem lança um semente no solo.

Estava desiludido e descrente
em face do panorama político,
mas na última hora surgiram candidatos
que provavelmente farão a diferença...

As promessas são cristalinas  e alvissareiras,
senão vejamos algumas delas,
isto é, a grade de futuros projetos ambiciosos:
I - não haverão mais secas nas lavouras.
II - acabarão as enchentes nas cidades.
III - não existirão mais invernos rigorosos.
IV - os verões serão refrigerados pela mãe natureza.
V - febres, doenças, moléstias físicas nunca mais.
........................................................................
X- os ladrões e os calhordas abandonarão o ofício;
enredadores, falcatruas e trapaceiros serão aposentados.
..................................................................................
.................................................................................
..............................................................................
L - Deus finalmente vai testemunhar em cartório notarial,
através de firma reconhecida, que é B-R-A-SI-L-E-I-R-O.

Dai, que vos pergunto, como poderei me furtar
de levar meu votinho à urna?


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

LÁ....................................................................................E CÀ

Em alguns países europeus
a política é conduzida por pessoas sérias.
Lá política é doação,
prestação de serviço à pátria.
Na Suécia, Finlândia e Dinamarca
os parlamentares são austeros
recebem remuneração simbólica
vão de ônibus ou de bicicleta
aos seus gabinetes
e matriculam os filhos nas escolas públicas,
mas na Suécia, deputados e vereadores
não recebem salários, não possuem gabinete
e fazem os trabalhos em casa.
Em compensação, aqui a política é sinônimo
de negociata, mutreta, trapaça
e carreirismo.
Aqui, muitos parlamentares
entram na carreira política aos vinte anos
e ficam dentro até a morte.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

A GUERRA FRIA

Cresci sabendo que não morreria velho
porque a humanidade seria destruída
pelo fogo das bombas atômicas
construídas pela idiotice intelectual
de alguém que odiava o ser humano.

Cresci sob o império do terror
produzido pela Guerra Fria,
brincadeira de gato e rato;
uma terrível comédia alimentada
pela propaganda bipolarizada da época.

Lá no início dos anos sessenta
eu pensava que o contraponto da contenda
era a corrida espacial.
Que os mocinhos não apertariam o botão fatídico
antes de descerem na lua...

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

PALAVRA DE ORDEM: EVOLUIR

Somos vassalos  da violência,
da discriminação e da intolerância.
Ainda que em determinados momentos
naveguemos pela doce ilusão
de que já avançamos muito
no longa trilha da convivência,
na verdade ainda engatinhamos
no percurso do processo civilizatório,
hajam vistas episódios diários
ocorridos à nossa volta.
Citarei um dentre milhares
que aconteceu aqui na minha cidade,
no fim do mês de agosto,
quando uma menina, no Estadio Arena,
foi flagrada pelas câmeras da mídia
vaiando um atleta em campo
através de cânticos anti raciais,
comportamento criminoso que está em juízo
à espera de decisão judicial.
Evento registrado, veio a retalhação
com a menina sofrendo ameaças diárias
e uma delas culminando concretamente,
pois puseram fogo na casa da garota.
Eis mais uma casa queimada,
esta propulsionada pelo ódio da vingança.
Por fim vos pergunto,
as ações e reações aqui descritas
refletem o comportamento de uma civilização evoluída?


quinta-feira, 11 de setembro de 2014

LIBERDADE ERA UMA CALÇA AZUL E DESBOTADA OU NÃO!?

Em época de caça ao voto
surgem novamente algumas perguntas
à procura de repostas satisfatórias.

A política possui muitas caras
dirão as velhas raposas matreiras,
com que, aliás, concordamos quase todos.

Dizem os analistas especializados na matéria:
o cidadão dever exercer o direito do voto
para não ter aborrecimentos posteriores.

Segundo os exegetas da arte maquiavélica,
há que se explorar o conceito sartreano
a opção, o exercício  básico da liberdade.

Negar a premissa de Jean Paul Sartre;
a condenação humana à liberdade,
seria pecado não fosse o pensador ateu.

Após a exposição do cipoal palavrórico
persiste minha angústia filosófica:
como posso optar por alguma bandeira
se nenhuma delas atende aos anseios da minha consciência?



terça-feira, 9 de setembro de 2014

PACIÊNCIA

A pior democracia, com certeza,
será melhor que qualquer ditadura
Daí a conveniência de tolerância
com determinados ritos do sistema
chatos, aborrecidos, mas necessários
tipo periodo de propaganda eleitoral...

Época das campanhas democráticas,
às vezes nem tão democráticas...
Não bastasse a poluição visual, sonora
e assemelhados,
afluem os discursos passadistas,
vazios, desérticos, messiânicos
sob os auspícios dos salvadores da pátria,
subindo ao púlpito, prometendo
a abertura dos portões do paraíso...

Haja a necessária paciência!

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

FIXAÇÃO DA JUVENTUDE

Durante a minha adolescência
estive enfeitiçado
pelas mulheres ruivas.

As loiras, mulatas, morenas,
negras, pardas, albinas, elavas,
que me perdoem,
mas naquela época
eu era fissurado
pelas ruivas
com pintinhas douradas
na pele.

Naquele tempo eu curtia
os filmes de Jean Jack Godard,
sobretudo as fitas estreladas
pela atriz Brigitte Bardot,
que eu a pensava loira,
mas quando  soube
que era morena, de cabelos tingidos,
não me importei nenhum pouco,
porque o que eu queria mesmo
é que a Brigitte fosse ruiva.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

CUIDADO COM A PALAVRA

O brasileiro médio sempre gostou do palavrão
mas acho que no período da última ditadura
foi que a prática virou cartão de visita.
Era a válvula de escape da panela de pressão.

Na época em que quase tudo era proibido
e o "proibido proibir" aqui não dava pé,
o cidadão comum entre o medo e a raíva
sujava o verbo, na medida do permitido.

Fim da ditadura, fez-se o inventário,
caíram vários vícios ultrapassados,
mas a boca suja prevalece até agora.
Daqui a pouco o palavrão  entra no dicionário.