Quem anda na moda
não se incomoda,
eis o lugar comum,
mas quem preferir o brilho da vitrine
terá de arcar com o ônus da opção.
Coloquei piercings nos lábios,
na língua, nas partes.
Tive dificuldade para mastigar,
para dormir, para fornicar...
Mas não fiquei incomodado.
Eu estava na moda.
Eu passava os verões seminú
nas areias da praia...
Minha namorada vestia
um biquini invisível
e a nossa pele fritava...
mas a gente não se incomodava
nem um pouco.
O bronze estava na moda.
O primeiro cigarro que eu pus na boca
causou-me uma sensação desagradável.
O gosto picante e aquele cheiro
de borracha queimando
embrulhou-me o estômago
e arranhou-me os nervos,
mas era importante superar o mal-estar
e aderir ao vício, para acompanhar os guris da galera...
O meu primeiro porre foi um nojo;
vômito, asco, ressaca...
Ah, mas a gente era jovem,
necessitava de afirmação perante ao mundo...
Naquele tempo garoto que não fumava e não bebia
era careta assumido,
e a caretice estava fora de moda...
Na minha juventude,
não entrava em lojas tradicionais,
só consumia os panos transados
das boutiques de marca.
Eu comprava a grife,
eu estava na moda,
eu curtia a onda...
Nos ciclos transitórios da vida,
um dia a gente se acomoda,
a gente envelhece, a gente cansa...
a gente sai de moda!
Viver é um dom!
Há 2 semanas