A minha Lista de blogues

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

AINDA SOMOS IGNORANTES

Sempre vi com reservas  a perspectiva
de um velho amigo da juventude
que dizia que fora dos livros
não havia salvação para nós, mortais.

Nunca tive nada contra os livros,
mas pelo contrário, sempre os amei,
entretanto, num determinado momento, percebi,
que a vida é um mistério maior que a literatura.

Certamente não encontraremos a essência do mundo
nos paradigmas da Arte.
Nossa ascensão no caminho da sabedoria começa
quando percebemos quão grande é a nossa ignorância.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

CERTEZA SÓ A ETERNIDADE

Às vezes, lendo notícias impressas
ou apanhando frases soltas alhures,
vamos ruminando nossas ideias
e um pensamento leva a outro
pensamento aparentemente desconexo,
que já havia sido gerado
lá atrás, em outra oportunidade,
mas devido ao excesso de informação
aportado na caixa de entrada,
ficou esquecido num canto.
Já nem sabemos se pensamos aquilo
ou se entramos no sonho do outro.
Temos dúvidas  se lemos aquele livro
ou se alguém contou a história pra gente.
Não temos certeza se determinado evento
nos aconteceu agora, nesta existência,
ou se ocorreu em vidas pregressas.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

VENTOS DA MINHA ALDEIA

Amo os dias de ventos tranquilos
aqueles que arejam o espírito.
Vento gerado no sul da América
atravessa, pântanos, rios e pampas;
ganha o nome de minuano no caminho
e por fim lava minha alma.

Criança, eu já gostava dos dias ventosos,
pensava que o vento  girava a vida,
mas quando o vento saia de férias,
parecia-me que o mundo parava!

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

A CAÇADA

Em tempo de caça
a  indústria e a mídia
calibram as armas
para atingir o alvo.

Outrora
os bichos eram ariscos
e a caça ao pato
demandava longas perseguições
através dos  campos.

Atualmente,
novos métodos de abate
dizimam grupos inteiros
de indivíduos anestesiados
nas lojas dos shoppings centers.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

VIDA QUE SEGUE

Pingos de sol,
gotas de vento
som de vozes,
manhã que segue
na direção da tarde.

Gotas de aromas
pingos de desejos
vindos da rua
no balanço da brisa
incentiva o estômago
a reivindicar o rango:
um grelhado na chapa,
uma salada esperta,
a sobremesa da casa
e um pretinho básico
para saciar o vivente.

A tarde descendo
na ladeira do tempo,
a cidade não pára,
a turba se locomove
buscando um significado
nos templos modernos:
as lojas dos shoppings,
centro de culto
aos cartões de créditos
das bandeiras importadas...

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

PRENÚNCIO OU ANÚNCIO?

O que me agrada no mês agosto
é a impressão de que as tardes
retiram um pedaço da noite
deixando os dias menos curtos.

Agosto prepara a proveta dos aromas
para ser inoculado no útero de setembro;
prenúncio de uma temporada  de sedução
no reinado de mais uma primavera.

Gosto do sol, alaranjado,  nas manhãs de agosto
despontando por trás dos morros da zona leste
e do reflexo róseo sobre as águas do Guaíba
quando ele cruza o rio no fim da tarde.


quarta-feira, 6 de agosto de 2014

MEDONHO, MAS, NEM TANTO...

O pai alertou o filho:
uma fera vai passar por aqui.
- uma onça, meu pai?
- Não. É uma fera terrível!
- Seria um mastodonte?
- Filho, é um animal medonho!
-Paiê, é um unicórnio?
- É um bicho bobo!
- mas então quem é ?
- É o homem!

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

AGOSTO

Acho  que por ouvir desde sempre
ditos desfavoráveis sobre o mês de agosto
muitas vezes flagro-me repetindo
velhos clichês de domínio público

Digo que agosto é o mês do desgosto,
que é o mês do cachorro louco
ou para ser mais poético,
(pego carona no Moacir  Scliar)
falo mês dos cães danados.

Repetindo o chavão comum aqui do sul:
cavalo velho que atravessa incólume
o pantanal  de agosto, viverá  por mais um ano.
Ah, idoso esperto se esconde em agosto
para que a morte passe ao largo...

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

ESTAMOS PASSANDO

Dizem que o tempo anda passando rápido,
que pouco antes de ontem o ano começara
e agora estamos entrando no mês de agosto.
Não sei se isso de fato acontece
ou é a gente que anda muito depressa.
Verdade que estamos na reta final
de mais um ano em nossas vidas,
vidas medidas por calendários,
tabelas criadas pelos viventes
com o objetivo de encaixe
na engrenagem do cotidiano
para que o homem não se perca
nos labirintos da existência.