Ano novo, vida nova
palavras da boca do povo.
Quem sabe, a gente toma ao pé da letra
e recomeça tudo de novo?
Que tal regastarmos as coisas simples,
as coisas práticas,
as coisas esquecidas,
as quais já desprezamos?
Acho que será uma boa
reinventar o sorriso,
sem economizar os lábios.
No início será dificil
como são, via de regra, os recomeços.
Agora é a hora de abandonar os velhos hábitos,
os velhos vícios,
as velhas taras;
é hora de cortar o cigarro,
de cortar a cachaça
é hora de cortar...
É tempo de respeitar o ser humano
aceitar todas as raças,
todos os credos,
todas as filosofias.
É tempo de plantar árvores,
desativar a bomba atômica,
apreciar a beleza da lua,
cultivar mais flores,
contemplar o arco-íris
e cuidar dos desamparados.
Seria bom não lembrar dos desmandos das nossas autoridades,
canalizar a sorte,
fiscalizar a corrupção reinante em Brasília,
atravessar o polo norte,
cruzar o caminho das pedras
e esquecer da nossa morte.
É hora de aprender filosofia
com os doidos que andam pelas ruas
É hora de eleger o presidente
Rei Momo Federal
É hora de nomear o jogo de bicho
"O esporte nacional"
É hora de viajar no tapete mágico,
é hora de catar conchas na areia,
é hora de olhar com carinho
aquelas pessoas que dormem sob as marquises,
é hora de entender o juizo final,
ler as entrelinhas do catecismo,
é hora de ensinar a língua portuguesa
aos comunicadores da tv.
Vamos comer do fruto proibido
(a comida está custando os olhos da cara)
Vamos crer na justiça social
(cega, surda e manipulada)
Vamos andar despidos pela cidade
(a roupa tolhe os movimentos)
É Ano Novo, minha gente...
então, vamos falar bem do governo,
vamos jogar conversa fora,
vamos sentir prazer em dizer bobagens,
vamos gozar a felicidade proveniente das coisas fúteis,
vamos fazer de conta que somos espertos,
vamos fingir que somos poetas...