No dia das eleições,
os votos entraram de greve
a ao contrário dos movimentos
orquestrados pelos sindicatos,
os votos estavam quietos.
Os candidatos nervosos,
falavam coisas desconexas,
prometiam mandatos decentes,
procuravam vender a impressão
de honestidade repentina.
As horas foram passando,
as urnas estavam vazias,
os candidatos foram às ruas
tentando adular os votos.
Foi um festival de cartazes,
faixas, bonés, camisetas,
música, doces e mimos,
mas os votos permaneciam escondidos.
Lá pelo meio da tarde
os candidatos desesperados, apelaram;
foram atrás da polícia,
pediram que a lei prendesse os votos.
Àquela altura do evento,
apareceu a mídia de fora
para ver o confronto de perto.
A força repressiva diante dos holofotes,
constrangida, decidiu:
não vamos achincalhar nossa imagem!
Ficaram de braços cruzados..
Veio o dia seguinte.
A mídia não tocou no assunto.
As manchetes dos jornais mostravam
as obras dos estádios da Copa.
Os cargos de prefeitos vacantes.
Os votos trocavam mensagens pela internet:
melhor não termos governantes
do que entrarmos na onda daquela casta!
A imprensa ianque presente
no dia da greve branca
também não abordou a questão.
Preocupada com a eleição americana,
que acontecerá logo ali adiante,
discorreu sobre futebol, samba e mulata.
Os jornalistas gringos concluiram,
que apesar do episódio sui-generis
ter ocorrido num país terceiro mundista
o reflexo daquilo poderiam embaçar
os projetos de Obama e Romney,
pois vai que a moda pega...