A minha Lista de blogues

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

MINISSAIA

Acho que quando Mary Quant
lançou a moda da minissaia,
nos gloriosos anos sessenta,
não imaginava que sua invenção
atravessaria o tempo.

Passado o agito inicial,
disseram os incrédulos:
é mais uma modinha passageira,
como foi a saia plissada,
a blusa de ballon
e as meias americanas.

As pioneiras usuárias da minissaia
sofreram em várias partes do mundo
as agruras da incompreensão e do  preconceito
porque as mentes não estavam preparadas
para assimilar com naturalidade
a exposição da coxa feminina.


segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

PAPAI NOEL, CHEGA DE VERMELHO!

Já estou cansado deste Papai Noel
trajado de uniforme vermelho.
Não bastasse o MacDonalds
ter invadido a periferia do mundo
ainda temos de aturar
Papai Noel vestido de Coca Cola.

Para fins de exercício de imaginação,
pintemos um Papai Noel de roupa cor de abacate,
um convite ao politicamente correto,
o resgate ecológico de uma época
de natureza verde, viva, pujante.


Meus amigos e amigas blogeiros, deixo aqui o meu abraço a todos vocês!
Desejo-lhes um lindo Natal e um maravilhoso Ano Novo!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

MINHA AVÓ E O FIM DO MUNDO

Nesses dias de contagem regressiva,
antecedentes ao fim do mundo,
tenho pensado em minha avó.

No ano de sessenta e dois
do século passado
- disseram que o mundo acabaria,
no dia cinco de fevereiro,
em consequência do alinhamento dos planetas -,
minha avó patrocinou uma festa memorável.

Eu era criança naquele tempo
e ainda recordo dos pormenores;
não do fim do mundo,
que acaba para quem parte daqui,
mas dos eflúvios da festa.

Minha avó era matriarca
de uma prole numerosa,
quase duas dezenas de filhos,
que se multiplicou com volúpia,
proporcionando-me uma centena de primos.

Então, voltando ao fim que não aconteceu,
minha avó preparou uma janta
para os familiares e amigos
na noite anterior ao dia fatídico.

A festa foi linda,
o mundo continua ai.
Minha avó estava radiante.
Acho que no fundo,
o espírito que habitava seu corpo sabia,
que mais um ciclo se completaria
alguns meses depois, naquele mesmo ano.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

UM DIA DE DOMINGO

Aquele senhor aposentado,
vivendo dentro de casa,
há muito tempo não ia lá fora.

Mas ontem à tarde,
deu-lhe na veneta,
fazer algo diferente.

Lembrou-se das coisas da rua,
decidiu-se por um passeio,
queria ver gente de perto.

O personagem tomou um táxi,
desceu numa praça histórica,
mas o local estava deserto.

Nosso herói pensou consigo:
é muito cedo e adormeceu
sentado num banco de pedra.

Despertou às três da tarde,
olhou para todos os lados,
mas a praça estava às moscas.

O homem não se deu por vencido,
buscou outras praças da cidade,
mas todas estavam vazias.

Por fim, nosso amigo concluiu
que havia se equivocado.
Deveria ser um dia útil de semana
com todo mundo no trabalho e no estudo.

O velhinho assustou-se à porta de casa
quando alguém confirmou que era domingo.
- Mas cadê as pessoas que eu não as vejo em nenhum lugar?
- Bom, as pessoas são as pessoas (ouvir mutantes); elas aderiram ao chamado:
"A gente se encontra na frente da telinha!"

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

SOMBRAS

Nenhuma lasca de sonho
vertida no olho da noite.
Nenhuma nesga de dor
turvando o azul da tarde.

Nem gula. Nem sede. Nem sangue.
Nem guerras. Nem tricas. Só o poema;
a pasmaceira dos versos dormentes.
O lado lúdico da vida.
Eu lia Mario Quintana.

O vento subia a saia
da moça distraída à rua.
O olhar traia o desejo
do corpo da mulher no outono.
O pensamento moldava
as formas da ninfa nua.
Eu lia Jorge Luis Borges.

Eu tirava o pó dos livros na estante.
A vida passava lá fora.
A brisa lambia os corpos na tarde.
Eu lia Fernando Pessoa.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

VITAMINAS, ANALGÉSICOS, BARBITÚRICOS

Hoje conclui que estou doente,
que as pessoas estão doentes,
que o mundo está doente.

Meu vizinho está doente,
o quitandeiro está doente,
o patrão está doente,
os empregados estão doentes,
o professor está doente,
o médico está doente.

Parece que as pessoas estão viciadas em medicamentos;
talvez pela facilidade da obtenção da droga,
os remédios são ingeridos
para dormir
para acordar
para lembrar
para esquecer
para sorrir
para amar..

Na era da padronização farmacológica
as pessoas ficaram dependentes
da ingestão medicamentosa
e eu que passo ao Norte dessa conduta
sou visto como doente
porque não sigo a norma.





quinta-feira, 29 de novembro de 2012

XANGRILÁ

Estou cansado de conviver
com a violência urbana.
Todo o dia a cena se repete:
assalto, roubo, sequestro, morte...

Nem a participação na grade de consumo
de uma fatia social desindexada
foi capaz de reduzir a taxa de delitos.
Estamos a mercê do destino.

Às vezes adormeço pensando
nas coisas que ficaram perdidas lá atrás,
tempo em que não tínhamos medo
de andar pelas ruas da cidade.

Outro dia estive pensando
em procurar um  paraíso perdido qualquer,
entretanto, a razão me informa
que a cidade ideal foi riscada do mapa.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

FRUGAL

Meus versos são simples como o ato de viver
Minhas atitudes são comedidas como os gestos do eremita
Minhas ideias estão armazenadas num banco de dados antigo
Ideias, para que as quero, se elas por si mesmas
não irão mudar o mundo.

Minhas palavras são escassas como a água no deserto.
Não me culpo porque em tempo percebi,
que o excesso de palavras do falante
denunciam a fuga do vazio interior
e o medo do indivíduo diante do mundo.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

ORGULHO E VAIDADE

Tanta gente nesta jornada
tocando a vida na ilusão
de que a vaidade é uma virtude
e que o orgulho é o premio
dos vencedores das batalhas laicas...

Tanta gente dizendo
do orgulho que estão sentindo
pelo sucesso de suas carreiras,
pela vitória dos seus filhos...

Tanta gente batendo no peito,
com os olhos faiscando orgulho,
gritando ao mundo que aceitaram
Jesus no coração...

Tanta gente passando horas
na frente dos espelhos, alisando o ego...
Tanta gente já não cabendo em si
 sob efeito overdósico da vaidade
ao vestir um terno novo,
ao comprar o vestido de grife,
ao sentar à direção do carro importado...

Eu gostaria tanto que a sensatêz
colocasse alegria onde há orgulho
e satisfação onde existe vaidade
para que a felicidade estivesse mais presente...



terça-feira, 13 de novembro de 2012

OUTRA VEZ O FIM

        De tempos em tempos, surge a ideia de que o mundo vai acabar numa data determinada. Parece que, no início do último século do primeiro milênio, começou a boataria de fim de mundo para o ano 1000. No segundo milênio, foram previstos vários fins. Eu, que nasci no meio do século passado, cresci ouvindo dizer que o mundo acabaria na virada do ano 2000...
       O poema do post de hoje, eu o escrevi lá por 1990 e pus na gaveta. Pretendia deixá-lo guardado, mas como agora estão falando novamente, que o mundo vai acabar daqui a alguns dias, ou seja, em dezembro de 2012, então resolvi postá-lo, só por brincadeira, portanto, não o levem muito a sério...



O mundo acaba em dois mil,
quem sabe em dois mil e um,
 talvez em dois mil e treze.

Poderá acabar amanhã
ou depois de amanhã
e muitas outras vezes.

Um gaiato diria que:
é o início dos tempos findos
é o chifre torto da besta
é a sombra do apocalipse
é a música do Rauzito
é o ponto final da reta.

Mundos acabam,
mundos nascem,
entretanto, ignoramos
os tempos de tais eventos,
porque Deus não quer
nos pregar sustos.
Sabemos apenas que
passamos e renascemos
e repassamos, seguindo
a marcha da eternidade...

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

REBELDE

Durante boa parte da minha adolescência,
eu pertenci aquela turma
que ao primeiro dia da semana
esperava sofregamente pela sexta-feira
e tudo que contrariasse esse sentimento
causava-me indisposição e cansaço.

Naquele tempo, eu embarquei
na ilusão de muita gente boa,
que via no trabalho uma maldição divina.
Eu pensava com os meus botões
que o paraíso na terra pertencia
aos eternos desocupados.

Mas um dia o vaticínio de meu velho pôs-me contra a parede:
fora do trabalho responsável não há saída.
Por ironia do destino ou para minha sorte,
por aqueles dias caiu-me às mãos
o "Candido" de Voltaire.
Confesso que ao fim das peripécias do Mestre Panglós
tive de concordar com o meu pai:
O trabalho é o  fator dignificante de uma vida.
Então era tempo de parar de brincar de rebelde.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

AINDA O LIVRO

Na semana passada comemorou-se
 o dia nacional do livro.
Fiquei por dias pensando no evento;
de um pensamento a outro
girando sobre o tema,
aterrissei na  inesquecível década de sessenta,
época em que eu visitava regularmente
os sebos do centro da cidade,
principalmente aquele da Rua Riachuelo
ao lado da Biblioteca Pública,
a livraria Martins, o livreiro,
propriedade do seu Manoel.
Acho que ela foi uma das pioneiras
no ramo de usados aqui em Porto Alegre.
Ainda sinto o cheiro do tempo
emanando de um mundo novo
de dentro daqueles velhos livros,
impregnando aquelas tardes mágicas.

sábado, 3 de novembro de 2012

EU VIVERIA MAIS FELIZ

Eu viveria mais feliz:
se o forte amparasse o fraco;
se o homem protegesse a mulher;
se o sábio não pisasse no ignorante;
se os fundamentalistas entendessem
que todas as religiões são sagradas -
que todo homem é sagrado,
porque dentro dele habita um espírito, filho de Deus -;
se os países imperialistas não metessem a colher
na sopa dos povos periféricos.

Eu tenho esperanças
de que num futuro próximo
a verdade virá à tona
e o homem será um ser compreensivo,
 e suas ações estarão alicerçadas
na cartilha da solidariedade...

terça-feira, 30 de outubro de 2012

LIVRO

Ontem, algumas amigas blogueiras
refrescaram minha velha memória:
vinte nove de outubro, dia do livro.

Livro, meu velho amigo,
companheiro de longa data,
meu ídolo e meu rei.

Livro, tu és o "José" do Drummond,
teimoso, forte, valente, atemporal.
Já anunciaram tua morte, mas tu não morre!

A surpreendente onda tecnológica do mundo virtual
patrola gradualmente as antigas mídias
mas o livro, certamente, continuará perene em plena era digital.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

FEIRA DO LIVRO DE PORTO ALEGRE

Há pouco eu perambulava
pelas ruas do centro histórico
com a sensação de quem vai
a um encontro marcado
com as coisas do coração.

Conduzido pela cauda de um devaneio,
desço a velha rua da Praia,
atravesso a Esquina Democrática,
 vou na direção da Usina do Gasômetro
e os meus pés andam acima do solo.
À altura da rua da Ladeira
avisto a Praça da Alfândega enfeitada,
então tudo ficou claro:
é a última sexta-feira de outubro
e o evento histórico se repete,
como acontece há muitos anos:
"Abertura da nossa Feira do Livro"
Estou ingressando no templo
do sonho e da magia!


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

TERRÁQUEOS

Nós, terráqueos, pensamos que somos espertos
Nós, terráqueos, contamos estórias
Nós, terráqueos, às vezes, tiramos onda de solidariedade
Nós, terráqueos, em determinados lapsos
na curva espaço/tempo
já pontuamos o pico da irracionalidade
ao assarmos na fogueira inquisitória
aqueles irmãos que não comungavam
o nosso pensamento.

Nós, terráqueos, somos cínicos
Nós, terráqueos, temos medo do desconhecido
Nós, terráqueos, somos engraçados
e ainda levamos a sério aquela estória
contada desde a madrugada dos tempos:
"Nascemos pecadores, sem exceção,
porque o primeiro habitante do planeta
comeu o fruto vermelho da floresta"

domingo, 21 de outubro de 2012

E

O menino que pensava,
que o leite nascia na caixinha,
ficou chocado quando viu
uma vaca leiteira de perto.

As crianças de agora
plugadas no sistema,
ignoram o prazer
dos folguedos ao ar livre.

Diante da mudança de comportamento
alguns malucos estão afirmando
 que transformarão as praças
em estacionamentos de automóveis,
já que as crianças já não as usam
em virtude do mundo virtual.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

DIA ESPECIAL

Tomando-se por parâmetro
os últimos dias
supor-se-ia
que hoje seria
mais uma dia
semelhante aos dias pretéritos,
fatiados e servidos
como aperitivo à espera
dos grandes dias,
mas desde as primeiras horas
do dia de hoje
sopra no ar os augúrios
de um dia especial.

Eis um dia onírico,
de aspecto real
em que a brisa do sul
acaricia o corpo e o espírito.
As horas passam
e os olhos agradecidos
contemplam a moldura plástica
desenhada pelo arquiteto universal.
Hoje é um dia único,
jamais haverá outro igual,
porque cada dia
tem sua própria identidade.

domingo, 14 de outubro de 2012

PIMENTAS NOS OLHOS DOS...

Eu não estou aqui para aplaudir
nenhum regime específico de governo
muito menos babar diante
dos ícones imperialistas do mundo,
pois percebi há muito tempo
que por trás do jogo das palavras,
demagogia e dissimulação quase sempre
aguardam o momento oportuno
para entrarem em campo, em nome
dos interesses cartoriais.

Apesar do exposto, outro dia me ative
ao discurso de um estadista,
àquela altura em que ele falou:
"Vocês, políticos, meus oponentes
são favoráveis à guerra,
porque jamais serão buchas de canhões.
No fim das contas, os mortos
nos campos de batalhas pelo mundo
não serão vossos apaniguados
nem vossos parentes,
muito menos vossos filhos..."

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

É TÃO DIFÍCIL

É difícil permanecer equilibrado
nos paralelepípedos da realidade
quando o medo invade as lacunas da existência
e os gestos covardes nublam o céu do cotidiano.

É difícil esperar pelos dias luminosos
aparentemente distantes, no horizonte,
se permanecermos de braços cruzados.

É difícil inventariar nossas virtudes
ainda tão comedidas
apesar da nossa gabolice diária.

É inútil crer na mudança brusca,
uma metamorfose repentina,
sem a intervenção do nosso íntimo.

É inútil crer na revolução através das armas.
Não existe solução para os problemas do mundo
longe da adoção do bom combate.
A mudança começa no coração do homem.
O império da justiça passa pela lei do amor.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Mas então?

Duas horas após a festa
dos vereadores contemplados
pelo placar urnífero,
alguns votos snobs
se encontraram no centro da cidade,
justo no momento em que os eleitos
queriam esquecer da campanha
e da cara dos votantes.
Os votinhos eufóricos gabavam-se
de uma importância além da conta:
falavam alto,
davam discursos;
uns procuravam ofuscar
o brilho dos outros,
através de virtudes específicas.
Um dizia, sou um voto consciente,
por isso escolhi o melhor para minhas cidade.
Outro falava, sou um voto inteligente,
votei no cara com visão de futuro.
Um terceiro afirmava, sou um voto pragmático,
Numa coisa, porém, todos eram unânimes:
exerceriam o poder fiscalizatório sobre os novos aprovados,
ai dos que fizessem xixi fora do penico,
que haveriam de ser ver com eles...
Àquela altura da falação,
alguns dos eleitos passaram por ali
e ao ouvirem a parolagem dos votos,
comentaram, sem remorsos:
coitados, são tão ingênuos!

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

VOTOS DE CORDEL

No dia das eleições,
os votos entraram de greve
a ao contrário dos movimentos
orquestrados pelos sindicatos,
os votos estavam quietos.

Os candidatos nervosos,
falavam coisas desconexas,
prometiam mandatos decentes,
procuravam vender a impressão
de honestidade repentina.

As horas foram passando,
as urnas estavam vazias,
os candidatos foram às ruas
tentando adular os votos.

Foi um festival de cartazes,
faixas, bonés, camisetas,
música, doces e mimos,
mas os votos permaneciam escondidos.

Lá pelo meio da tarde
os candidatos desesperados, apelaram;
foram atrás da polícia,
pediram que a lei prendesse os votos.

Àquela altura do evento,
apareceu a mídia de fora
para ver o confronto de perto.
A força repressiva diante dos holofotes,
constrangida, decidiu:
não vamos achincalhar nossa imagem!
Ficaram de braços cruzados..

Veio o dia seguinte.
A mídia não tocou no assunto.
As manchetes dos jornais mostravam
as obras dos estádios da Copa.
Os cargos de prefeitos  vacantes.
Os votos trocavam mensagens pela internet:
melhor não termos governantes
do que entrarmos na onda daquela casta!

A imprensa ianque presente
no dia da greve branca
também não abordou a questão.
Preocupada com a eleição americana,
que acontecerá logo ali adiante,
discorreu sobre futebol, samba e mulata.
Os jornalistas gringos concluiram,
que apesar do episódio sui-generis
ter ocorrido num país terceiro mundista
o reflexo daquilo poderiam embaçar
os projetos de Obama e Romney,
 pois vai que a moda pega...



segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A MÍDIA, AH, A MÍDIA!

Hoje desliguei a tv, apaguei o rádio,
joguei o jornal na lata do lixo.
Estou cansado da notícias
de violência, miséria e pornografia.

Pena que os canais midiáticos estejam atrelados
à condução de temas desconstruintes.
Sei que serei contestado.
Muitos dirão que a realidade tem de ser mostrada,
que a sujeira não deve ser escondida debaixo do tapete.
Mas acho necessário que haja espaço
para o belo e o sublime.
Precisamos regar diariamente a plantinha do bem
para que ela frutifique pelo mundo inteiro.
Quando a humanidade estiver irmanada nesta causa
o mal desaparecerá da face da terra.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

SENTIMENTOS

Se os sentimentos tivessem cor
a alegria seria azul;
a tristeza roxa;
a saudade marfim;
a esperança talvez lilás;
a inveja, de repente, marrom;
o ciúme, quem sabe, vermelho;
a indiferença, certamente, incolor.

Se os sentimentos tivessem forma
a alegria seria um barquinho
deslisando nas águas da vida.
A tristeza, um marinheiro sem norte
distante da terra firme.
A saudade, o náufrago esquecido
nos mares do sul.
A esperança..., ah, a esperança...
um pássaro azul.

Se os sentimentos tivessem cheiro...
Se os sentimentos tivessem som...
Mas o dicionário diz que os sentimentos
são abstrações da alma...
Até pode ser... mas eles agem...
e como agem sobre nossa psique!

domingo, 23 de setembro de 2012

MATANÇA

Demorei para perceber
que me encontrava no olho do furacão.
Mas já dizia William Shakespeare,
um dia a gente aprende que...

Queremos a paz, mas a guerra
é uma constante na linha do tempo.
Desde os tempos heroicos o homem mata
outro homem por esporte ou por indução.

As fronteiras foras estatuídas.
Criou-se  a ficção estado
Alimentou-se o ódio desnecessário
e por qualquer "dá-me aquela palha"
é decretada época de caça.

Desde os primórdios das era
em algum lugar do planeta
alguém está matando ou morrendo
sob o manto de uma ideologia inútil.

Desde sempre, guerras tribais
corroem as células dos povos...
Talvez seja a resultante
do movimento pendular histórico,
quem sabe o corolário do Eterno Retorno de Nieztsche
ou o resíduo dialético Hegeliano...

No fim, dei toda essa volta,
discorrendo sobre a estupidez humana,
quando o objeto da conjetura
está na frente da nossa cara:
é a guerra civil sangrando
as artérias do nosso país!


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

PROJETOS

Três indivíduos partiram do quilometro zero
das suas existências com metas predefinidas
Eles acreditavam que seus projetos
eram os mais adequados
às suas personalidades.

O primeiro queria ganhar dinheiro.
Acreditava que o vil metal
era elemento útil e necessário
ao desfrute das oportunidades do mundo
O  ouro seria o passaporte dos destemidos,
a chave de acesso à felicidade.
Dizia, que desse mundo se leva
o que se come, o que se bebe, o que se curte.

O segundo desejava viver a vida.
Falava que o dinheiro era necessário,
 mas o trabalho era um entrave.
Lastimava a sorte do labutadores arregimentados,
que entregavam o vigor dos melhores anos
pela troca da subsistência e da aposentadoria
à época do declínio das forças.
Afirmava que era preferível
levar a existência dos pássaros,
livres pelos ares do mundo,
pois só se vive a vida uma vez.

O terceiro afirmava que viera a este mundo
para cumprir seu destino,
pois pressupunha que havia firmado
compromisso nas esferas superiores,
isto é, descera à terra para fazer o bem,
entretanto, num determinado momento
teve consciência de que fracassara,
de que cedera terreno à inveja,
à vaidade e ao orgulho, mas não capitulara.
As respostas às falhas estavam dentro dele.
Ainda havia tempo de reparar a trajetória
através do necessário ajuste de conduta.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

ESTADO MÍNIMO

Não desejo propagandear o estado neo liberal
nem pretendo conduzir a bandeira do anarquismo,
sei da necessidade da convivência ordenada.
A contrapartida do estado de direito
seria o retorno à época da barbárie.

Quero apenas conclamar as mentes sensatas,
 imunes ao vírus da política organizada,
ao engajamento urgente e necessário
de uma campanha em prol
da redução do tamanho do estado.

Haja vista o estado moderno poderoso,
hoje transformado num balaio de gatos,
onde cartéis e cartórios se especializaram
na condução do processo das maracutaias.

Com a aprovação do estado mínimo
haverá menos gente mamando nas tetas públicas
às expensas do povo extorquido
por um sistema anacrônico e pernicioso.




domingo, 16 de setembro de 2012

EU QUERIA NÃO VOTAR!

A campanha eleitoral vai de vento em popa
e os partidos políticos disparam
na direção do eleitor distraído.
Então, eu lembrei
de um antigo jogo de vídeo game
"Caça ao pato".

Não tenho vergonha de dizer
que fui caçado várias vezes
pelas armas permitidas,
pelo sistema democrático,
imposto à revelia,
à luz do modelo maquiavélico
onde a lei retira a possibilidade
de não se dizer amém.
Somos livres para votar
Mas não podemos não votar!
Eis a liberdade no sapo na boca da cobra!

terça-feira, 11 de setembro de 2012

COMODISMO

Ainda me lembro
daquela manhã
encravada no tempo,
em que ouvi o ancião
falar com entusiasmo:
ninguém nasce sabendo,
o aprendizado acontece
à medida que uma geração
transmite à outra,
o saber armazenado
no saco de bagagem.
Ouçam a história
e pratiquem as lições.
Essas palavras não foram retiradas do vazio,
mas corroboradas pela minha trajetória
..............................................................
Durante muito tempo,
bebi das fontes sagradas.
Minha crença inabalável
no conhecimento adquirido
retirou-me o desejo
de procurar novas águas.
Eu tinha a certeza
de que tudo estava escrito
na melhor ordem.
A preguiça de buscar novos portos
emperrou-me os músculos.
Acomodado à margem do tempo,
tive medo de cruzar o caminho das pedras.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

MORRER DE AMOR

Quem não lembra da história
do Jovem Werter de Goethe,
o qual morreu de overdose de amor?
E tem o fenômeno "Mal do Século"
onde os poetas morriam jovens
em decorrência da paixão.
Eis a arte contextualizada de uma época!

Em outro contexto, agora pouco antes
do advento da internet,
Paula morreu de amor.
Tudo começou quando
Paula trocou por engano o número do telefone
do programa de rádio "Itai dona da noite".
Fernando se fez passar pelo locutor
do programa da garota,
até cantou a música pedida
e continuou cantarolando as músicas
de Roberto Carlos, nas noites seguintes
da vida de Paula.
A voz artificial de Fernando
recitando os hits românticos,
fez transbordar as águas da paixão
que estavam contidas no coração da menina.
Ela passava o tempo sonhando
com o dia de conhecer Fernando.
Pior que ela não sabia da tara do rapaz:
culto ao amor platônico.
Na noite que Fernando disse com todas as letras,
que o amor romântico acaba na hora do conúbio,
Paula ingeriu uma dose letal de comprimidos.

domingo, 2 de setembro de 2012

CANDIDATOS

Candidatos são pessoas interessantes
dentro da temporada de caça ao voto,
gente descontraída, educada
e preocupada com o bem estar comunitário.

Candidatos em campanha eleitoral
são centros geradores de gentilezas.
É uma categoria especial
que sabe usar com excelência
a arte de convencer os incrédulos.

Pena que as campanhas duram pouco
e todas aquelas pantomimas
produzidas pelos caçadores de votos
desaparecem logo após o pleito.
Aqueles senhores maravilhosos,
vivazes, simpáticos, sorridentes
ficam apáticos e indiferentes
e conservarão esse estado de espírito
até a abertura das futuras campanhas.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

XÔ TABACO!

No dia mundial
de luta contra o tabaco,
eu lembro
dos antigos comerciais de cigarros
veiculados à mídia daquele tempo,
mostrando pessoas bonitas fumando...

No dia mundial
da luta contra o veneno pulmonar,
eu lembro
de gente que morria fumando,
conectada a um tubo de oxigênio...

Eu, ex-fumante,
assisto às ingestões diárias
contra a nicotina e o alcatrão.
Os efeitos da droga lícita
produzida pela Souza Cruz e concorrência
já não me atingem,
entretanto, rezo para que a humanidade
retire essa imundície da boca.

domingo, 26 de agosto de 2012

NUA

Ela, inquieta, fumou vários cigarros.
Não estava com saco de passar o dia inteiro
trancada no apartamento, em frente da tv.
Então, desceu a Salgado Filho
na direção do Parque Farroupilha
Mas aquele domingo era diferente
de todos os que ela vivera.
Havia algo estranho no ar
como se alguém houvesse jogado
uma dose alta de hormônios na atmosfera
ou será que era ela que estava diferente,
 já que os homens a comiam com os olhos à sua passagem?
Sentia uma brisa quente a lamber-lhe a pele,
a eriçar-lhe os pelos,
a tremelicar-lhe o corpo,
a malemolenciar-lhe as partes...
De repente, percebeu que não havia colocado
nenhuma peça de roupa sobre o corpo;
 descera à rua do jeito que gostava
de andar dentro de casa: pelada!
Ficou vermelha, ficou mole, ficou branca...
Colocou as mãos sobre os olhos
e voltou correndo para casa.
À altura da esquina da André da Rocha,
acordou com o ruído do escapamento
de uma motocicleta turbinada,
que passava pelo viaduto da Borges de Medeiros...
Bocejou aliviada. Olho o relógio:
três horas da tarde.
Colocaria uma roupa velha sobre o corpo
e daria um giro pela Redenção.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

DIVAGAÇÃO NO HORÁRIO POLÍTICO

Drummond disse que havia
uma pedra no meio do caminho,
falou também:
mundo, vasto mundo,
se meu nome  fosse Raimundo
não seria uma rima,
seria uma solução.

Grande  Drummond, teu tamanho é inaferível...
Já o  político disse
não entendo nada de poesia,
mas no meio do caminho existem votos,
solução para o meu projeto  pessoal...

Água e a azeite,
poesia e  política,
anelos e praxis,
metais não moldáveis...
 José Sarney até tentou,
mas pergunto aqui:
é o caso do político buscando refrigério
nas águas políticas
ou o poeta inconformado com o silêncio da palavra
querendo sondar a aridez do deserto
pela aresta do ninho das cobras?
Será?!

domingo, 19 de agosto de 2012

PAISAGEM DE PEDRA

Nós, que amamos a natureza,
andamos preocupados ultimamente
com o avanço da construção civil
e a volúpia dos empreendimentos imobiliários.

A construção dos edifícios altos
estava restrita às cercanias do centro,
 mas à medida que aqueles espaços
foram sendo ocupados,
o braço das empresas construtoras
foi açambarcando áreas mais afastadas
do centro da cidade.

Nós, que residimos nos bairros periféricos,
até há pouco tínhamos uma visão privilegiada
do panorama que se descortinava sob nosso olhar,
mas agora estamos perdendo a visualização da paisagem
por causa dos prédios enormes, construídos à frente do nosso rosto.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

INSPIRAÇÃO

Passei muito tempo sonhando
com o elixir da palavras
e  o verniz das letras,
guardados em um bau,
escondido nos labirintos de algum castelo
sob a guarda das musas dos poetas.

Trancado nas cavernas da psique,
eu consultava os compêndios antigos,
esperando encontrar a pista,
que me levasse à chave
do bau da inspiração.

Um dia,distraído, abri a janela
e me deparei com a vida,
acenando-me da esquina,
convidando-me para interagir
com coisas à minha volta.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O HOMEM E O TEMPO

Ainda não entendemos
com profundidade
a vida e o mundo.
Procuramos,
dentro das nossas limitações,
o fio da meada
com o propósito de entender
o princípio do mistério...

Sábios, filósofos, exeguetas
esmerilham os olhos
nas linhas das escrituras
e à medida que adentram
no cerne dos alfarrábios,
se confundem com os nós temáticos,
geradores de polêmicas,
porque aqueles livros
foram escritos
para o homem daqueles dias...

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

FAIR PLAY

Ontem,  quando caminhava no fim da tarde,
fui expectador de uma briga entre dois indivíduos,
se esfolando no meio da rua.
Acho que a contenda aconteceu porque os cavalheiros
desconheciam a prática do fair play.

Dizem que Mané Garrincha,
astro da copa da Suécia,
é o pai do fair play no esporte, e,
que a partir daquela época,
foi adotado como atitude correta
no convívio e nas lides sociais.

Mas o homem, ser pouco evoluído,
ainda tem dificuldades de cultivar certos preceitos,
e nas bolas divididas da vida
está mais afeito à lei de Gerson.

Após a divagação, volto à disputa de ontem,
ocorrida em face de uma carteira vazia,
caída provavelmente de algum bolso distraído,
que observada ao mesmo tempo pelos dois sanguíneos,
deu ensejo ao embróglio da narrativa,
que acabou com a chegada  da polícia.



quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O MAL

Às vezes ouço gente dizendo
que não entende como Deus, luz suprema,
permite que o império do mal prospere.

A obra divina tem por base o amor
e é  regida pelas leis naturais, criadas por Deus,
enquanto que o mal é a ausência do bem
e advém da ignorância, da vaidade,
do orgulho, nasce enfim, das fraquezas humanas.

Outros dizem, ah, se  Deus quisesse
baniria o mal da face da terra!
Falam assim porque não compreendem
que essa tarefa é dos homens,
pois Deus, ser justo e perfeito,
colocou o livre arbítrio ao alcance
de todas as criaturas.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

FIM

Não é necessário ser profeta para saber
que um dia este mundo vai acabar,
basta aceitar o processo das leis naturais
estipulado pelo criador de todas as coisas.

Todo o dia algo se transforma
na conjuntura tempo/espaço.
Planetas nascem, planetas morrem,
mas não ficamos sabendo,
porque o nosso conhecimento
corresponde a um grão de areia
na escala da grandeza cósmica.

Agora parece que virou moda
o lançamento de previsões apocalípticas
a partir de dados aleatórios,
daí as mídias preencherem seus espaços
com vaticínios superticiosos.

Ó insensata mente humana
ainda tão distante daquilo
que existe para ser conhecido
e ao mesmo tempo tão soberba
a especular sobre coisas que ainda
estão distantes da nossa compreensão.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

MARIA

Dentre as pessoas
que conheceram minha mãe,
poucas, bem poucas, sabiam
que Maria era o seu nome.

Minha mãe foi batizada
com o duplo nome
de Maria Eva,
mas no círculo familiar,
por economia de palavras,
chamavam-na apenas de Eva.

Mamãe crescia
e era Eva pra cá,
Eva pra lá.
Parece que ninguém lembrava
de também chamá-la de Maria.

À época de mamãe ira para a escola,
lá por volta de Mil Novecentos e trinta,
meu avô a registrou no cartório.
O velho ditou o nome composto,
mas o tabelião, surdo como uma porta,
não ouviu o segundo nome.
Então, na certidão de nascimento
ficou grafado o nome de Maria.
Mesmo assim, continuaram
chamando de Eva.

Um dia, meu pai a conheceu,
se por apaixonou por Eva,
mas no dia do matrimônio,
soube que casava com Maria.

Quando mamãe morreu
foi aquela confusão.
Os convidados à cerimônia fúnebre
chegavam ao local do velório,
procuravam o nome dela
no quadro informativo
fixado à entrada das capelas
e não encontravam nenhuma Eva.



segunda-feira, 30 de julho de 2012

PARTIDOS

O que são os partidos políticos neste país
senão aglomerações voltadas
para a louvação dos seus patriarcas.
Ainda que o guarda-chuva
das aglutinações de interesses
abriguem adeptos e simpatizantes
sob o mesmo manto ideológico,
essas organizações serão porta-vozes
daqueles que comungam no templo das aparências.

Á medida que os partidos tupiniquins
definem-se por interesses estratificados
entram na lista do sectarismo...

A praxis adotadas pelos partidos
é exclusivista e excludente.
Basta olhar algumas siglas:
Partido dos Republicanos,
Partido dos Municipalistas,
Partido dos Pecuaristas,
Partido dos Trabalhadores.
Por dedução, logo teremos,
Partido do Negro,
Partido do Branco,
Partido do Índio,
Partido do Ruívo...

Na verdade o sistema é composto
por clubes, sindicatos, federações...
Partidos políticos deveriam ser
instituições voltadas para a defesa do homem
diante dos desmandos do estado.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

SEIS PONTO ZERO

Entre a curiosidade e a resignação
acordei ancorado nas águas sexagenárias,
e a primeira indagação que fiz a mim mesmo
ficou indefinida no ar...
Não soube o que havia mudado,
mas lembrei das palavras do meu pai
à mesma altura da existência,
não sei se sério ou divertido:
tudo mudou e nada mudou...
Eu, com vinte anos naquele tempo,
pensei comigo: isso é loucura...
Quatro décadas escorreram pela ampulheta,
mas hoje eu não sei o que dizer!

segunda-feira, 23 de julho de 2012

VEM AI

Vem ai mais uma campanha eleitoral,
época do horário político gratuito,
tempo de comédia na telinha.

Virão os candidatos de nomes engraçados;
alguns caricatos,  lúdicos, folclóricos;
outros sisudos, hilários, bizarros...

Vem ai mais uma temporada
de promessas ao santo eleitor,
protagonista do objeto do desejo.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

A NOVA SEITA

A última seita
que chegou na praça,
 entre outras coisas,
veio impulsionar
o ramo das academias.

Ainda se desconhece
a procedência da doutrina
sem ritos, sem dogmas,
mas de culto ao corpo.

Tal como as religiões sistematizadas,
esta também concebe o princípio
do ente primordial criador
de tudo que existe.

Sabe-se também que a seita
veio com o propósito de resgatar
alguns valores antigos
como a busca do corpo apolíneo
e da  forma escultural clássica.

Também já disseram
que a seita foi expulsa
de alguns países periféricos,
precisamente aqueles mais atrasados
onde a população raquítica
perseguiu de forma violenta
os cultores do corpo ideal.

Os templos da novíssima seita
diferem de todas as outras
parecendo centro de educação física,
casa repletas de aparelhos ginásticos
de última geração.
Em vez de orações
são ministrados exercícios.
No lugar dos cânticos,
são executados hinos de estímulo
à modelagem do corpo.

A seita também incentiva
a cultura da  tatuagem,
oferecendo, inclusive, prêmios
de viagens por lugares exóticos
àqueles que transformarem o corpo
em mosaico.

O nudismo é outra prática adotada
por esta seita sui-generis
daí a preferência por países tropicais
onde os membros da congregação
podem exibir os corpos nus
durante todo o tempo.

terça-feira, 17 de julho de 2012

TUA VIDA

Tu, em vários momentos da vida,
te deparaste na encruzilhada da existência,
pensando nas inúmeras vezes,
que desejaste estar na pele de um amigo
para viver as aventuras que ele contava;
histórias que nunca foram vividas
porque eram frutos da imaginação do cara,
mas tu desconhecias a verdade e maldizia
tua vida tão simples aos teus olhos.

Tu bebias as gotas do sucesso alheio
aplaudindo a passagem do artista,
pondo-te aos pés dos teus ídolos,
sugando a pretensa felicidade sonhada.
Não percebias que os minutos de fama
 cobram seu  preço de retorno
e aquele sorriso Colgate exposto na vitrine
pode significar um grito de desespero do incauto
atrelado à máquina de produzir vaidades.

sábado, 14 de julho de 2012

LAZER, DOPAGEM. OU NÃO?

A história tem demonstrado
através da linha do tempo
que para compensar a carga estréssica
gerada pelo trabalho repetitivo
o homem adotou em sua dieta
métodos aleatórios de lazer,
além daquelas distrações naturais
como a fornicação, por exemplo.

Possivelmente tudo haja começado
com as pinturas rupestres nas cavernas...
Muito tempo depois vieram os esportes violentos
e muita gente foi comida pelos leões nas arenas,
mas aquela parcela do povo grego
que estava a frente do seu tempo
inventou os jogos olímpicos...
Um dia apareceu Gutemberg trazendo o papel,
dizendo aos manda-chuvas daquele tempo:
Construam escolas, preparem professores,
coloquem o povo nas páginas dos livros...

A segunda metade do século vinte
foi marcada pelo espantoso avanço tecnológico,
sobretudo nos aparelhos telecomunicativos:
televisão, telefone, computador, celular, internet, televisão...
Mas aquilo que deveria propiciar um lazer maravilhoso
também pode criar uma dependência perigosa.
Acho que se Vladimir Zworikin, inventor do tubo de tv,
fosse vivo, pediria:
"Por favor, retirem o povo de dentro da telinha,
a vida está do lado de fora".

quarta-feira, 11 de julho de 2012

HOJE

Não deixes que o melhor dia da tua vida
se perca nas galerias do incomensurável.
T u aprendeste que os dias são cópias,
mas o dia de hoje é especial e único;
jamais haverá outro igual.

Ainda que o teu coração busque na gaveta do tempo
reminiscências das coisas pretéritas,
melhor deixá-las onde estão,
porque a vida te chama para o aqui e o agora.

Quando leres aquela frase
na tua agenda: "recordar é viver",
não te paralises diante da miragem
e lembra-te daquele outro adagio antigo:
"As águas do passado não movem moinhos".

segunda-feira, 9 de julho de 2012

MEU AVÓ

No  fim da vida
meu avô perdeu a fala,
mas conservou a sensibilidade
até o fim dos seus dias.

Naquela  altura da existência,
à medida que  as forças lhe permitiam,
andava pelas ruas contemplando
as coisas que passavam desapercebidas
pelos homens tristes.

Por fim meu avô perdeu as pernas,
mas não perdeu o entusiasmo
e quando assistia às cantilenas
dos homens saudáveis, agastados
por contratempos irrelevantes,
ficava pensando com os botões dele:
esses caras não têm respeito pela vida !

sexta-feira, 6 de julho de 2012

FIMDI

É sexta-feira
e eu quero provar
um pouco de ar puro.
Sábado e domingo
sairei por ai,
caminhando pelos parques
como se não houvesse
um aparelho de tv.

Neste fim de semana
ficarei desplugado,
longe da internet.
Pedalarei a velha bike
para que a ferrugem não a destrua
por falta de uso.

De repente, até quem sabe
se não baterei uma bolinha,
pois já ando meio cansado
de adquirir adiposidade, sentado,
ouvindo os gritos do narrador esportivo,
narrando o gol: É REDE!


quarta-feira, 4 de julho de 2012

ADOLESCÊNCIA

Eu acordava naquelas manhãs encantadas
e bebia as primeiras gotas de sol,
colocava no bolso "Cem Sonetos de Amor"
 dava um giro pela beira da  praia,
observando as gaivotas catando aperitivos na areia.
Às vezes sentava no trapiche e lia
um soneto para a sereia que estava àquela hora
tomando banho de sol em alguma praia deserta,
num país imaginário, além da linha do horizonte.
Outras vezes, o reflexo d'água nos olhos
causava-me sonolência e adormecido
eu sonhava que era um poeta
e as musas acariciavam meus ouvidos
com palavras que eu ainda não conhecia.
Despertava extasiado, ainda sonhando,
pegava o caminho de volta, lendo os poemas 
de Neruda.
Ao entrar dentro de casa, minha mãe perguntava:
menino, viste o Pássaro Azul? 

domingo, 1 de julho de 2012

A CANÇÃO DO SER

Outro dia, ouvindo uma canção do Raul
voltei a pensar novamente aquele verso
que muitas vezes não quis ouvir:
"Eu tinha medo de sentir a beleza da simplicidade"
Eis o convite para o questionamento interior!
Talvez haja chegado o momento
de rasgar o script que trazia a gente preso
ao mundo das aparências.
Acho que chegou a hora de ouvir
aquela voz brotando da consciência:
"Não te aborrece por que não tens o glamour,
que  criaste para os teus ídolos,
mas busca o objetivo valioso
que dá sentido à vida:
o jeito autentico de ser"

quarta-feira, 27 de junho de 2012

O QUE EU PRECISO SABER

Acompanho as notícias do mundo,
sei dos últimos fatos globais,
mas desconheço aquilo que acontece
na esquina da minha rua.

Conheço as intrigas palacianas,
descortino o tabuleiro político.
Acompanho o fuxico dos tablóides,
mas ignoro os dilemas da minha família.

Li Sócrates, Kant, Nietzsch.
Mergulheir  no pensamento de Sartre.
Devorei várias resenhas filosóficas,
mas não sei o que pensa minha filha.

sábado, 23 de junho de 2012

ELE

Ele não brincou com os filhos
e não os viu crescer,
corria atrás do vil metal.
Precisava garantir o estudo da prole,
queria encaminhá-los na vida.

Ele esqueceu das primaveras,
dos pôr de sois,
das peladas de sábado,
da conversa fiada com os amigos.
Estava focado na manutenção
do padrão de vida da família.

Passando pela meia-idade
continuava trabalhando
feito burro de carga.
Almejava juntar um milhão de dólares,
queria curtir a vida
à época da aposentadoria.

Mal passara dos cinquenta,
a morte bateu-lhe à porta,
Naquele instante, por alguns segundos,
o filme da vida lhe rodou no cérebro,
quando lamentou com amargura
as possibilidades deixadas no caminho
para viver à posteriori...
Antes de fechar os olhos
lembrou do "Fausto de Goethe" e pensou,
ah, se a morte não fosse inexorável!


quinta-feira, 21 de junho de 2012

INVERNO SUL

É o primeiro solstício do ano,
inverno deste lado do equador.
Faz frio no extremo sul do Brasil.
O vento minuano gela minhas orelhas,
 percorre o pampa desde a Argentina.

O frio traz-me lembranças dos primeiros contatos
com meus autores literários preferidos.
Naqueles dias antigos da infância
descobri um mundo novo
através das asas da imaginação.

As temperaturas baixas estão chegando
e nós, aqui no bico da America do Sul,
vamos para Caxias, Gramado, Canela;
tomando chimarrão, esperando a neve chegar.


sábado, 16 de junho de 2012

PARANÓIA

Hoje eu acordei
lembrando daquele tempo
em que as coisas
não contextualizadas
à luz da realidade objetiva
produziam-me sofrimento.

Aquele modo de sentir
determinadas situações,
afetaram-me de tal maneira,
que os meus pensamentos eram filtrados
por um pseudo censor instalado no cérebro
para que a matéria censurada
não gerasse nenhuma ação prejudicial a minha saúde,
mas mesmo assim...

Eu vivi àquela época
uma paixão platônica
de proporções doentias.
Não conseguindo administrar
aquele amor unilateral,
fui buscar ajuda na ciência.

A partir da segunda sessão,
comecei a pôr em xeque
a sanidade do meu psicólogo,
devido a insistência obsessiva
da repetição das perguntas.
Para contrapô-lo, eu repetia a mesma arenga:
Doutor, quando ela desce do ônibus
na rua sete de setembro,
eu a espero, escondido atrás da estátua do general.
Depois que ela anda uns cem metros
eu a sigo ansioso.
Na esquina da Rua da Praia com a Uruguai,
ela reduz consideravelmente a velocidade dos passos,
quase parando, e eu, afobado, às vezes a ultrapasso,
mas ela nunca me vê,
alias, ela nunca olha para nenhum lado, olha só para a frente.
Cheguei a pensar que ela fosse cega.
Nos dias em que usa minissaia, ela faz o percurso
da Praça da Alfândega até a Galeria Chaves
andando muito rápido.
Nesses dias eu quase corro para não perdê-la de vista.
Parece que a linda sabe que eu a sigo,
porque quando ela sai da calçada para entrar no prédio,
fica parada, com os olhos fixos no fundo da galeria,
 até eu passar por aquele ponto.
Eu percebi que ela não é cega
quando  a vi numa tarde
fazendo o trajeto da volta.
Quase não acreditei na mudança comportamental
que a tarde opera na psique da menina.
Doutor, ela era outra pessoa: gazela saltitante,
observando tudo à sua volta..
De repente o professor falou que necessitava de algumas fotos da menina
para prosseguir com o meu tratamento.
Obter o retrato da minha musa, de manhã, foi moleza;
postei-me na frente dela e clic.
Já na parte da tarde foi outra história;
bastava eu me aproximar com a Polaroid na mão
e ela escamoteava, virava de costa,
ficava na frente dos outros pedestres...
Minha insistência foi premiada numa tarde de vendaval,
no momento em que ela pôs as mãos sobre os joelhos
para evitar que a ventania jogasse o vestido sobre a cabeça,
aproveitei a oportunidade e clic...

Quando levei as fotos ao psicólogo,
recebi uma bofetada de pata de elefante
na cara, ao ouvir:
essas meninas são minhas filhas.
A que tu segues pela manhã é psicóloga.
É uma pessoa arguta, muito compenetrada.
No momento, ela recolhe material para escrever um livro
sobre o comportamento dos tarados.
Já a que tu vês à tarde é cineasta.
Ela é mais dinâmica, descontraída, eclética.
Atualmente ela observa os vadios e desocupados da cidade,
pois pretende fazer um filme sobre o tema...
Deixei o mestre falando sozinho,
nunca mais voltei lá.
Larguei aquela gente de mão.




quinta-feira, 14 de junho de 2012

UMA PITADA DE POESIA

Hoje tenho a certeza
de que nunca farei
um poema original.

Tudo já foi previsto
tudo já foi escrito
tudo já foi dito.

Mas não ficarei triste
se a minha escrita
não for eleita.

Eu não escrevo
por necessidade
de ser aplaudido.

Dou-me por satisfeito
com a possibilidade
de ser autêntico.

No fundo
procuro compartilhar
uma pitada de poesia.



segunda-feira, 11 de junho de 2012

A POESIA ESTARÁ ONDE TU QUISERES

Engana-se quem pensa
que a poesia é arte
exclusiva dos poetas,
pois de poeta e louco,
todos, temos um pouco.

Engana-se quem pensa
que a poesia está aprisionada
nas páginas dos livros
ou que vive armazenada
na cabeça de quem a escreve.

Engana-se quem pensa
que a poesia é virtude
de uma casta eleita.
A poesia quer ser compartilhada
e para senti-la, basta buscá-la.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

VALORES

Há muito anos,
numa época
de crise de emprego
eu procurava colocação
em qualquer área
sem consultar proventos
pois precisava de trabalho.

Um dia, de repente, li
um cartaz afixado
à porta de um escritório:
oferta tentadora de emprego,
proposição de salário elevado,
sem a necessidade
de prática na função
nem aferição de escolaridade,
exige-se apenas compromentimento,
entretanto, todos os quesitos
serão avaliados
para o preenchimento da vaga
de início imediato.

Ficamos imaginando
que se tratava de vendas,
mas quem não entendia de vendas
e todos os vendedores da cidade
não passamos na seleção.
Durante vários anos
nenhum candidato foi aprovado.
Quando a gente já pensava
que aquilo era uma brincadeira de mau gosto,
que não havia nenhuma vaga disponível,
finalmente um candidato foi selecionado.
Então, o acessor de imprensa da firma
foi à mídia explicar a questão:
Atá agora, os candidatos
eram cheios de virtudes,
não convenciam porque era perfeitos,
mas o candidato aprovado
deixou transparecer todas suas fraquezas;
foi sincero, e a sinceridade e a transparência, entre outras coisas,
deve ser o lema de todo e qualquer emprendimento sério.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

NEM TUDO QUE RELUZ É OURO

Durante muito tempo
pais preocupados
com a  educação
dos  filhos pequenos
estiveram de olho
nas famosas revistinhas
de sacanagens...

Apesar de a moral e os bons costumes
ser uma premissa civilizatória,
hábitos mudam  e o sistema induz
o indivíduo a fazer bobagens
renegando condutas saudáveis
porque tais comportamentos
segundo os ultramodernistas
se tornaram desnecessários...

Assim sendo, lembro àquelas pessoas
que ainda se preocupam
com a educação dos seus  herdeiros:
retirem as crianças  da frente da telinha
por que os canais de  tv, na ânsia de  angariar
 pontos de audiência na grade do Ibope,
estão  levando ao  ar aulas de sacanagens...

terça-feira, 29 de maio de 2012

AVENCA

Procurei durante muito tempo por aquele pé de avenca
que havia no jardim da minha lembrança,
mas pelos lugares por eu andava
não achava a espécie da minha saudade.

Nas minhas andanças pelas veredas da vida
vi coisas que não esperava encontrar,
milhares de surpresas surgiam pelo caminho,
mas o meu pé de avenca não soube onde foi parar.

Talvez eu não seja o único cara apaixonado por avencas.
Acho que Caio Fernando de Abreu também gostava delas,
pois num conto do livro "O Ovo Apunhalado"
ele faz algumas referências a essa plantinha frágil, simples
e bela.

Ano passado eu construí um pequeno jardim
no espaço que havia atrás da minha casa.
Preparei o solo e feliz como uma criança,
plantei uma semente num cantinho do coração,
mas a avenca que nasceu não tem o  perfume
daquela avenca da minha infância.


domingo, 27 de maio de 2012

O TEMPO VOA

Às vezes fico pensando
como a vida passa veloz
Ainda parece que foi ontem
quando eu andava de calças curtas.

Após a curva da metade do caminho
a existência passa tão depressa,
que algumas vezes eu imagino
que somos produto de um sonho.

Ai que saudade de antigamente
do doce período da infância.
Aquilo era outro tempo
e as horas corriam a nosso favor.

Quando as lembranças vêm à tona
algo diferente se passa aqui dentro.
São sensações nostálgicas tão intensas
que eu tenho medo de descuidar do presente.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

AUXÍLIO

Quem já não disse muitas vezes
que se ganhasse o prêmio da  loteria
iria auxiliar a tanta gente.
Que tem grande desejo de ajudar os necessitados,
mas faltam as condições necessárias...

Já dissemos tantas e tantas vezes:
gostaríamos de ajudar as pessoas,
estamos  cheios de disposição e  vontade
mas não sabemos por onde começar...

Pois é, quanta forçação de barra!
Existem inúmeras possibilidades
de se prestar ajuda neste mundo
ainda tão cheio de carências.

Se de fato  quisermos ser  úteis
não precisamos dispor de prêmios lotéricos.
Podemos iniciar o trabalho agora, neste momento.
Os recursos necessários não estão na conta bancária,
mas brotam de  dentro do coração.

domingo, 20 de maio de 2012

DOENÇAS

O mundo é o palco
por onde desfilam
nossas virtudes,
nossas vaidades,
nossas mazelas,
nossas indiossincrasias...

O mundo é um circo
já disseram.
Talvez num momento mal humorado
o saudoso Chico Anísio dissesse:
O mundo é uma comédia...

Pois, pois, como falam
nossos irmãos lusitanos...
Mas virando a página
e indo para o lado B
Tratemos de coisas sérias,
preocupantes e tristes,
ou seja, falemos de enfermidades
quando melhor seria discorrer
sobre saúde,
mas enfim, tudo tem seu tempo...

Outro dia quando estive doente,
amolado pela artrose,
aventurei-me numa pesquisa ligeira
sobre moléstias no Brasil
Eu que imaginava
que o câncer e o infarto do miocardo
eram as causas campeãs de morte,
fiquei chocado ao saber
que a doença mais ceifadora
de vida neste país
é a arma de fogo

quarta-feira, 16 de maio de 2012

INTELIGÊNCIA PRIMÁRIA

O materialismo corrobora
a tendência pragmática
de exclusivizar à ciência
uma explicação razoável
para as coisas do universo.

Em contrapartida, existe aquela turma
radicalizando tudo ao pé da letra,
explicando o mundo pela ótica da tradição,
confundindo, algumas vezes, verdade com simbologia.

Eu, na minha pequenêz,  prefiro
ingerir uma dose de humildade
e deixar de lado
aquelas discussões cansativas,
geradoras de discursos  polêmicos
que dificultam a compreensão das leis naturais
criadas pela Inteligência Primária e Eterna.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

NÓS E O TEMPO

Fiquei mais calmo
quando parei de me preocupar com o tempo.
Não tendo o relógio acorrentado ao pulso
desapareceu aquela preocupação antiga
de olhar as horas a todo  instante.

Estou mais tranquilo
desde que passei a assimilar
a substância dos dias,
retirando a placa de chumbo
que eu colocava antigamente
em torno das segundas-feiras.
Agora a semana ficou mais leve
e quando vem a sexta-feira
estou feliz por que sei
que sou parte de um sistema
cíclico e perfeito.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

AMOR DE MÃE

Poetas de todos os tempos
colocaram o amor romântico
no pódio dos sentimentos.
Poetas de todos os lugares
escreveram milhões de poemas
sobre o amor sensual e a paixão.
Exaltaram em demasia essas expressões
e economizaram versos
em relação à pureza do amor,
porque falaram pouco
do amor que as mães são capazes de sentir.
Agora o tema vem à tona,
no quinto mês do ano,
segundo domingo de maio,
data de interesse comercial,
mas o amor não pode ser mercantilizado.
Poetas, vamos cantar o verdadeiro amor.
Vamos louvar o amor incondicional;
amor do coração de mãe.

terça-feira, 8 de maio de 2012

DESVIOS

Procuramos, sempre, de qualquer maneira
justificar nossos desvios de conduta
através de velhos expedientes
para várias atitudes condenáveis.

Quando o meliante rouba
ou prática pequenos delitos
dizemos que o "pobre coitado"
é apenas mais um excluído
de uma sociedade injusta
que   penaliza os menos  capacitados.

Quando o policial que deveria
cuidar da ordem pública
abusa, mata, extorque
atenuamos essas atitudes
sob o frágil argumento
de que a categoria  é mal paga
como se o bom caráter
tivesse um preço de custo.

Acostumados com a canalhice diária,
hoje, encaramos com naturalidade
os sofismas jogados no ar
  pelos arautos da República das maracutaias.
Dentro desse quadro maquiavélico
estamos anestesiados, há muito tempo,
pelos efeitos do sistema corruptivo,
mas sempre há quem diga
que o povo é o culpado pela situação caótica
porque não sabe votar corretamente

 

sábado, 5 de maio de 2012

TOMATE

Liguei a tv
e passava o filme
"Tomates verdes fritos"
- Será que o enredo é poético,
qual era o título da película na origem, perguntei-me.
Talvez o título  original
seja outra coisa,
mas o tradutor é poeta...
Pensando em poesia, um pensamento
foi encadeando em outro...
Desliguei o aparelho, deixei o filme gravando,
para vê-lo em outra oportunidade.
Fui jantar. E o que vejo sobre a mesa
entre os pratos?
Um tomate. Não verde. Nem frito.
Mas um lindo tomate maduro, colorido
e com o aroma característico da espécie.
Fiz a refeição e o tomate  continuou
sobre a mesa.
Eu aprecio, sobremaneira, essas frutas,
mas aquele tomate era belo demais
para ser devorado num jantar!

quarta-feira, 2 de maio de 2012

A PUREZA DO AMOR

Passei o dia refletindo sobre
esse magistral verso de Fernando Pessoa
"Eu gosto tanto dela que não sei como a desejar"
E veio a noite e eu continuava pensando,
Meu Deus, como o amor é lindo!
Pena que ainda sejamos tão sensuais,
tão dependentes dos desejos corpóreos
e ainda amamos com as mãos, com os lábios,
com os póros...
Quando duas criaturas enamoradas
testemunham a paixão, afirmam,
com entusiamo:
rolou entre a gente a química de pele...
E assim vamos nós, sacralizando
os fenômenos gerados pela combustão
dos elementos inflamáveis dos sentidos.

domingo, 29 de abril de 2012

ARROZ E FEIJÃO

Nós, brasileiros,
comemos, há séculos
arroz e feijão.

Este prato suculento
veio a calhar
ao nosso bolso
e com o nosso paladar.

Comida do povo
diz a elite,
torcendo o nariz,
degustando caviar.

Médicos e nutricionistas
sempre afirmaram
que arroz e feijão
mais o complemento
de algumas folhas
e uma que outra fruta
compõem a dieta perfeita
de qualquer organismo sadio.

Mas, eis que agora,
um cientista da nutrição
veio a público dizer
que arroz e feijão engorda.

Enquanto isso,
os povos famintos do mundo
deliram, febris, implorando
aos céus
por uma colherada de arroz
e feijão...


sexta-feira, 27 de abril de 2012

INSPIRAÇÃO

Quando a inspiração
saiu de férias
eu pensei que seria
um jogo rápido...

Mas à medida que
a ausência se prolonga
meu coração se agita
diante da espera.

Agora, tenho consciência do meu disparate
quando reclamei de  forma grosseira,
dizendo, olha pra mim, inspiração:
não vês  que espero há tanto tempo
tuas pinceladas nos meus poemas?

Deusas, musas, amores,
vos peço perdão publicamente
e ao mesmo tempo prometo
aceitar com resignação
o período de reciclagem,
contanto que não me abandonem.


quarta-feira, 25 de abril de 2012

ESCREVER

Quem escreve exorciza-se,
faz análise através do fio condutor
da palavra.
Quem escreve cura-se,
quero dizer, analgezissa-se.
Quem escreve despe-se
da pele que resseca
e do esteriótipo que oprime.

Quem escreve doura a pílula,
abre a janela da rua
e bebe com sofreguidão
os primeiros raios de sol,
 enamora-se das estrelas
no meio da tarde.

Quem escreve evita
que a água do copo
transborde.
Quem escreve expulsa
 os fantasmas do  sótão.
Quem escreve caminha
no meio da chuva
e dança os  passos
da sinfonia do vento.

domingo, 22 de abril de 2012

O HOMEM QUE PLANTAVA ÁRVORES

Hoje, dia mundial da terra, estou postando
esta singela homenagem a um homem
simples, de um coração enorme, que transformou
sua vida numa lição a ser reproduzida por qualquer
homem, em qualquer parte do mundo, que seja capaz
de transformar desapego pessoal e abnegação em prol
 da sobrevivência da nossa mãe Terra.


Nos bons tempos
da velha Rádio Guaíba
ouvi no programa "Até depois de 2001"
comandado pelo saudoso
Flávio Alcaraz Gomes
uma bela história de amor

Estávamos nos anos sessenta,
eu tinha uns quinze anos
e naquele primeiro momento
pensei que o relato fosse apenas
uma criação ficcional.

Mais tarde, quando soube
que aquela história
era um fato vivo da realidade,
minha admiração por Elzéard Benfier
foi às alturas.

No início século xx
numa região desértica da França,
um pastor de ovelhas, simples e pobre,
depois de perder  filho e esposa
começou a plantar árvores
e por mais de trinta anos
plantou carvalhos, bétulas e faias
sem ganhar um centavo por isso.
O desejo daquele homem de poucas palavras
e de vontade férrea
era ver a terra seca rejuvenescer,
 os riachos mortos brotarem
e os animais que viviam ali
antes da desertificação voltarem
Enquanto a Europa foi palco
de duas guerras mundiais
o cidadão Elzéard Benfier,
 distante das picuínhas humanas,
plantava seu testemunho de paz.

Em 1947, aos 87 anos,
Elzéard Benfier morria em paz
porque milhares de árvores
plantadas por suas mãos
produziram uma bela floresta,
atravessada por riachos
e habitada por animais desaparecidos
desde que a vegetação sumira.

terça-feira, 17 de abril de 2012

EU TENHO MEDO

Domingo de outono,
céu nublado,
aspecto soturno;
somente o vento
perambula pelas ruas
e a população inteira
trancada dentro de casa.

As praças tão vazias agora,
diferentes daquele tempo
em que as pessoas não sabiam do medo,
e as distrações domingueiras foram
para o beleléu
porque em tempo de guerra civil
todo o cuidado é pouco.

Os raros automóveis
que deslisam pelas avenidas
com os vidros fumês fechados
estão voltando para os bunkeres
dos seus proprietários,
e o passeio dos cães foi postergado
porque os policiais que cuidam do parque
entraram em greve por tempo indeterminado.


sábado, 14 de abril de 2012

HOMEM DE BEM

Quantas vezes nesta vida
ouvimos dizer que o homem de bem
é aquele que galga a fama,
que sobe a escada do sucesso.
Quantas vezes imaginamos
que o homem de bem
é aquele exitoso nos negócios,
vitorioso na política.
Quantas vezes afirmamos
que o homem de bem
é aquele propalado na mídia
e divulgado nas colunas sociais...

Não diremos, necessariamente, o contrário,
porém, muitas vezes, o homem de bem
passa quase desapercebido,
porque geralmente o homem de bem
age sem alarde,
trabalha no anonimato,
atua em silêncio
doando parte do seu tempo
em favor dos necessitados,
minimizando, na medida do possível,
 a dor daquele que sofre,
pois o homem de bem
não espera recompensa
nem busca retribuição.
O homem de bem opera desse modo,
por que sabe dos seus limites
e de suas fraquezas,
mas sabe também
que os ajustes necessários
acontecerão somente
através da prática do bem.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

A PRESSA

Outro dia uma criança
deixou-me confusa
quando perguntou-me,
tio, quem inventou a pressa?
E como eu fiquei parado, pensando, pensando,
sem dizer nada,
ela repetiu a pergunta:
Senhor, quem inventou a pressa?
Eu, nervoso pela insistência do menino,
falei por falar,
acho que foi Deus, pois ele criou tudo o que existe.
Mas o moleque, de pronto, rebateu-me:
Ele criou todas as coisas necessárias!
Meio atordoado diante do discernimento do pequeno,
agi pela norma dos adultos acuados
e inverti a ordem do diálogo,
e passei, eu, a fazer as perguntas:
Menino, tu não achas que a pressa é necessária
ao bom andamento das coisas?
- Tio, todo mundo sabe que não!
- Por que, eu quis saber.
- Ele disse: a pressa provoca morte no trânsito,
desentendimento nas famílias,
retira a possibilidade dos pais ficarem
mais tempo junto dos filhos;
além disso parece que pressa vicia,
pois vejo muita gente sem nada para fazer,
sempre correndo, com muita pressa...

segunda-feira, 9 de abril de 2012

CADÊ AQUELE MENINO?

No início era apenas suspeita,
porém hoje tenho certeza
de que o meu espelho envelheceu,
pois já faz muito tempo
que ele deixou de mostrar-me
o rosto que conheci.

A caixa acústica do mundo
também sofreu alterações
ou criou aversão por mim.
Parece que que ela tem preferência
pelos ouvidos mais jovens.

A ótica, então!
Há várias décadas
ela procura esconder-me
a beleza da paisagem.
Menos mal que existem as lentes,
e assim, minha relação
com o mundo visível
vai bem, obrigado!

quinta-feira, 5 de abril de 2012

NADISMO

Eu gostaria de saber dos céticos
que não acreditam no princípio inteligente,
criador de todas as coisas,
uma explicação lógica
para a criação da vida.

Já estou cansado de ouvir
que tudo aconteceu por acaso.
Os defensores dessa teoria atestam
que o nada é o princípio gerador do universo

Então, o nada dormia e eis que de repente
explodiu como uma bolha...
mas não parou por ai,
continuou criando mares, montanhas,
oxigênio, arbustos, dinossauros, homens...

Ai eu fico pensando: se antes
havia o nada, e antes do nada
o que havia então?

Aceitando a premissa do princípio nadificador
concluiremos que o princípio nadificante
evoluiu espontânea e espetacularmente
produzindo Jesus, Leonardo da Vinci,
Alan Kardec, Oscar Niemayer...
e o telefone, o radio, a internet...

sábado, 31 de março de 2012

CÂNDIDA

Este poema é o resultado de um exercício mental, feito em memória
à longa noite iniciada em 31 de março de 1964, a qual duraria
mais de vinte anos. Essa noite é uma mancha que envergonha a História
brasileira.
           

           CÂNDIDA

A mudança comportamental de Cândida
aconteceu logo depois do revelion daquele ano
em que o rádio tocava aquela canção dos incríveis:
"Eu te amo, meu Brasil, lá-ra-lá...
Naquele momento, Cândida se transformou
numa defensora exaltada das teorias esquerdistas,
justamente ela que fora a criatura
mais doce e "cândida" que eu conhecera.
Tudo começou quando ela raspou a cabeça,
quebrou os discos de Beethovem,
jogou fora os dólares da carteira,
rasgou os talões de cheques,
queimou os livros de Sartre...
Depois ficou trancada
dentro duma barraca, na Praça da Redenção,
lendo as cartilhas Marxista, Castrista, Brizolista...
Após meses de Clausura,
Cândida saiu andando com os olhos fixos
num ponto imaginário,
atravessou o centro da cidade
e pronunciou um discurso febril
na esquina da Rua da Ladeira:
"Minha gente, a vaca foi pro brejo.
É noite escura e não sabemos quando o sol virá!
Hoje se tornou inviável
o salutar combate disputado
no tabuleiro das ideias.
Mas a revolução sonhada pela  esquerda festiva
e escrita pelos intelectuais engajados
foi para as cucuias,
porque no momento não possuímos armas
e sem fuzis não haverá guerra
e se fôssemos loucos de fazer uma gerrilha,
seria uma luta desigual.
Dito isto concluímos que as utopias
são lindas no papel.
Para fechar a primeira parte da nossa conversa
quero dizer-vos, que para sair do atoleiro
serão necessárias atitudes sensatas, então,
Eu, Cândida da Silva,  proponho
algumas sugestões práticas.
Meus adeptos, candinhos e candinhas,
podemos pedir asilo na Dysneilandia,
avançarmos a Amazônia a dentro
e sobrevivermos das frutas silvestres
ou ainda, aderirmos a um processo
de hibernação voluntária, até o dia de cair
esta malfadada ditadura.
Àquela altura da palestra
eu senti que Cândida estava perdendo o juiízo,
e egoísta como só o ser humano sabe ser,
acabei me retirando dali para não endoidar também...
O tempo passou,
o sistema ruiu,
os exilados voltaram,
as eleições aconteceram,
a corrupção prosperou
e o crime se organizou...
Eu fiquei sem saber mais nada
sobre a vida de Cândida,
mas numa noites dessas, quando
navegava pela internet,
soube que ela vive atualmente na Africa
e se encontra à testa de uma ONG, que cuida
dos famintos daquele continente.
Soube também, que Cândida não pretende
retornar à pátria, pois sente vergonha
da acomodação que ocorreu aqui.
Hoje, ela descrê de todos os ismos:
O socialismo de Cuba,
O capitalismo selvagem.
O imperialismo do Norte,
 O cinismo do Brasil.
O coração de Cândida clama
por um sistema humanitário
onde a dignidade esteja em sintonia
com a lei e a justiça
e todos os homens voltados
para o bem comum...


quinta-feira, 29 de março de 2012

VENCER

O guru dos anos setenta
disse mais ou menos isso em Ouro de Tolo
"Eu venci, mas não posso ficar parado,
pois tenho uma porção de coisas para conquistar"

Desde os primórdios do nosso entendimento
estamos a ouvir diariamente
palavras de  incentivo e estímulo
no sentido de vencer na vida.

A família, a escola, a mídia
e os livros de auto ajuda
repetem o tempo inteiro:
os fortes colocam seus nomes
na galeria do sucesso.

Lembro- me de quando eu tinha
uns dez anos de idade,
que havia uma senhora na minha rua
e toda  vez que ele ela ia à nossa casa
fazia um escaut da vizinhança:
Antonio é um vitorioso,  tio trabalhador!
José um fracassado, também,  um molenga.
Pedro venceu na vida, um bravo!
João não sai do chão, pudera, vadio!
Quando meu  pai estava por por perto,
para acabar com aquela arenga,
mal a distinta mulher cruzava a porta,
ele dizia, comadre , melhor guardar o caderninho!

Mas voltando ao início da polêmica,
às vezes, parece que a vida
é uma disputa, uma competição, uma guerra.
Pior que para muita gente  é!
Dizem até que os mais aptos vencem
e que os mais preparados se estabelecem.
Mas afinal, o significa vencer na vida?

domingo, 25 de março de 2012

26 DE MARÇO DE 1772

240 anos é uma eternidade,
uma cifra numérica impossivel
de ser presenciada por um mortal,
que raramente alcança a trajetória de um século,
mas para o fluir do tempo
este número é uma  fração quantitativa
quase insignificante.

Mas por quê,  certamente, perguntarão,
agora esse assunto temporal?
É que a cidade de Porto Alegre
está completando 240 anos!

Nossa Porto Alegre,
amada por tanta gente
e odiada pelos rabugentos que dizem:
Ah, Porto Alegre é uma cidade velha
de um clima insuportável;
abafada no verão
e gelada no inverno!
Além disso está a 100 kilometros
distante do mar.
Realmente, o mar está um pouco distante,
mas parece que os reclamões esquecem
que temos um rio aos nossos pés,
com uma orla cheia de encantos.

Conviver diariamente com uma cidade
lembra a história do casamento,
pois, às vezes, no transcorrer do tempo
fica-se com a falsa impressão de cansaço.
Mas sempre é possível achar novos encantos
na urbe do nosso coração.
Para isso é necessário tirar férias daquele jeito antigo
e olhar a cidade com olhos de turista.

Porto Alegre, te amo!



quinta-feira, 22 de março de 2012

ÁGUA

Dia 22 de março dia da água,
e eu fico pensando na música
de Guilherme Arantes, Planeta Água.



No início da formação da terra
a água estava por toda a parte,
mas pouco a pouco o líquido
foi se juntando em pontos específicos
e da porção primitiva dágua
surgiram os oceanos, os lagos,
os rios, os regatos...
Durante milhões de anos,
a água foi soberana no planeta
e os seres que estavam junto às margens
viviam em harmonia em meio à natureza
Mas um dia o animal pensante
pôs a mão na massa e entornou o caldo,
o bicho-homem vendo as florestas intactas,
desceu o machado sobre as árvores indefesas,
transformou as matas em lavouras,
depois, por causa do desequilíbrio ecológico,
as lavouras foram atacadas pelas pragas e pelas pestes,
então, o bípede pensante inventou
um arsenal de antídotos químicos
para vencer a concorrência
que devorava prematuramente as colheitas
e o resultado desse trabalho
foi o envenenamento do meio ambiente.
Mas apesar de todo o conhecimento adquirido
continuamos a abater as poucas florestas
que ainda restam sobre a terra.
E os rios estão morrendo...
a água está sumindo...
e a vida corre perigo


domingo, 18 de março de 2012

ESTIO

Depois de muitos dias de estiagem
e de forte canícula,
eu andava abatido
por conta do mal estar
gerado pelas altas temperaturas.

Os dias e as noites
compactadas, uniformes
sem uma brisa,
nenhuma frescura
num verão que ficará, certamente,
entre os mais abafados
das últimas décadas.

Mas ontem pela manhã acordei,
sentindo na pele, a sensação
de temperatura amena, gostosa
e as narinas inalando, surpresas,
o cheirinho de terra molhada.
A primeira imagem que me veio à mente
foi a de um oasis em meio ao deserto;
aquela situação parecia um sonho.
Examinei as coisas à minha volta
para certificar-me de que não havia
nenhum engano, nenhum analgésico
ou qualquer outra coisa de efeito dopante,
que eu pudesse ter ingerido,
mas para o meu contentamento
o quadro era real: chovia! 

quarta-feira, 14 de março de 2012

OS POETAS

Hoje, 14 de março, dia da poesia, vai minha modesta homenagem
aos meus poetas favoritos.

Quando três poetas famosos
ascenderam ao mundo espiritual,
os mestres dos respectivos artistas
perguntaram o que eles gostariam
de ter feito na terra caso não houvessem
optado pelo mundo das letras.

Jorge Luis Borges respondeu:
gostaria de ter sido ourives
para restaurar com pedras preciosas
a Biblioteca da Alexandria.
Teria revestido com ouro genuíno
o acervo completo da Biblioteca
Nacional de Buenos Aires.
Teria recolhido os vocábulos maltratados
pelas pessoas avessas
ao bom uso da língua
e os lapidados para devolve-los
ao altar do idioma,
porque a palavra é sagrada.

Fernando Pessoa falou:
quisera ter sido um jardineiro
para cantar todas as flores
existentes no mundo,
inclusive aquelas que passam
desapercebidas pelos indivíduos apressados,
e o meu contentamento não teria sido menor
que a alegria de ter poetizado a vida.
Para cuidar das flores
não é necessário criar artifícios
nem dar outro sentido às palavras
além daquele intrínseco às mesmas.
Não é nem mesmo necessário
dar nome às flores.
Também não é necessário filosofia no trato com elas.
Para ler o livro que as flores escrevem na natureza
é preciso apenas ter olhos, olfato, sentimentos
e desapego de toda a vaidade.

Mario Quintana disse:
eu gostaria de ter sido o gestor
de uma biblioteca de sonhos ;
uma casa aberta aos oníricos,
pessoas não compreendidas na terra,
que sonham, solitárias, com medo
de perturbar a vida ordenada
dos indivíduos materialistas
que catalogam como loucura
qualquer atitude não padronizada,
processada pelas pessoas distraídas.
Durante minha vida inteira
fui testemunha ocular
da incompreensão sofrida pelo sonhador;
aaté  questionaram minha sexualidade
- diziam; ah, o Mário não gosta de mulher -
porque eu nunca casei.
Justamente eu, que amava a todas as mulheres,
mas não seria adequado nem recomendável,
que eu entregasse minha vida a uma delas,
pois eu não podia perder a graça das musas,
seres especiais, únicos e caprichosos...
Para completar a questão,
talvez eu não pudesse ter sido outra coisa,
senão aquilo que fui, pois, quem sabe, no fundo,
sonhador e poeta sejam grãos da mesma seara.


domingo, 11 de março de 2012

VERÕES

Tem feito tanto calor neste verão,
que tenho pensando em algumas alternativas
a fim de suportar as altas temperaturas.

Pensei em criar algum artefato
tipo um ventilador portátil, prático e leve,
para ser conduzido junto ao corpo,
ativado com uma bateria automática.

Para amenizar as noites mormacentas,
imaginei um novo tipo de ar condicionado
produzido em escala  doméstica,
gerado pelo trabalho de uma rede de cataventos.

Aqueles que possuem espaço disponível
podem implantar um sistema natural
de controle da quentura do ambiente,
plantando alguns pés de neve no pátio...



quinta-feira, 8 de março de 2012

MULHER

Hoje, Dia Internacional da Mulher,
levo minha homenagem a  todas
e de maneira particular àquelas
que têm e tiveram participação especial
na minha vida.

Um beijo à minha mulher,
companheira de tantas jornadas:
períodos de muitas alegrias
e  momentos de dor profunda.
Um abraço à minha filha,
princesa, flor, perfume no ar ...
Uma oração à minha mãe
- criatura que me ensinou  tudo - ,
 que esteja em paz no mundo espiritual.
Elevo meu coração ao Pai maior
e peço luz à nossa Presidente;
Dona Dilma, seja a nossa mãe
-  nem tenho esse direito, sou um não votante,
por não crer no nosso sistema corrupto -,
as mães sabem  amar.
Se as mulheres governassem o mundo
não haveria guerras políticas nem guerras "santas".
As fronteiras seriam  menos rígidas
e  todas as nações seriam amigas.

Pai nosso, que está em  toda a parte,
abençoai as mulheres do planeta!

P

terça-feira, 6 de março de 2012

TEMPO

O que é o tempo
senão um abismo infinito
nominado pela finitude?

Quando nasceu o tempo?
Podemos raciocinar,
que o tempo surgiu
quando as criaturas
foram capazes de percebê-lo.

Por certo, algo passa a existir
para o indivíduo pensante
à medida da visualização
de algo que ultrapassa
a fronteira do corpo.

Como estamos presos
às conjecturas
relativas às capacidades
perceptiva e sensitivas,
inúmeras teorias
ainda buscam a luz
de temas que ainda embaçam
a nossa mediana compreensão.


quinta-feira, 1 de março de 2012

MENOS BARULHO

Era fim de tarde
do mês de outubro,
inicio do horário de verão.
Eu voltava do centro da cidade
para o desfrute do merecido
intervalo regular de repouso.
Tudo andava devagar
por causa do fluxo do "rush",
entretanto, ao contrário dos outros dias,
excetuando o ronco rotineiro
dos motores do carros,
tudo estava assustadoramente calmo,
as pessoas quietas, caladas, mudas...
Até parecia que o planeta fora engulido
por um mundo mais adiantado,
onde não havia lugar
para o estresse tão comum do nosso tempo...
Tal situação atípica levou-me a devanear
sobre nossa postura cotidiana, interativa e contextual,
que por fim quase conclui, que
se usássemos  um pouquinho de  sensatêz
seria possível reduzir de forma considerável
o ruído sonoro que infeniza
nossa vida nas metrópoles.


terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

VITÓRIA

Apesar da leis existentes
de proteção à pessoa
o cidadão anda tão desprotegido
como sempre foi;
sobretudo, quando se trata
de  indivíduos inseridos nas camadas pobres.

Quando o  assunto  é saúde pública,
então,  é um verdadeiro descalabro.
As mídias deste país anunciam, a mando dos  governos,
 propagandas fantasiosas de serviços
 que os usuários necessitados desconhecem.

São pessoas morrendo nas filas de espera
por falta de atendimento.
São funcionários estressados e insensíveis
zombando da população desassistida.
Dentro desse  quadro preocupante
algumas situações lembram
o mundo caótico de Kafka,
como por exemplo,
o episódio  que ocorreu
pouco antes do carnaval
num posto de saúde,
na  zona sul de  Porto Alegre,
quando uma mulher grávida,
prestes a dar a luz,
foi mandada para a casa
pelos médicos do dito posto,
por que segundo os doutores
não estava na hora da criança nascer,
entretanto, a criança nasceu
trinta minutos depois,
na parada de ônibus próxima ao posto.
Mãe e filha foram assistidas
pelas pessoas que estavam naquele local.

A mãe deu o nome de Vitória à filha
 numa justa homenagem aqueles desconhecidos
que as ampararam,
no momento em que o órgão responsável pela vida
foi omisso.



sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O REINO DOS CÉUS

Há muito tempo,
muito tempo mesmo,
ouvi um sermão fervoroso
de um clérico entusiasmado,
exortando os fiéis
a buscar o reino de  Deus
aqui na terra.

Aquele religioso pregava
através de parábolas
extraídas do evangelho
e à medida que falava,
empolgado com as próprias palavras,
dizia e gritava que era necessário fugir
das artimanhas do inimigo,
o qual estava sempre à espreita
das almas desavisadas.

Estimulado por aquele discurso,
percorri várias vertentes,
através de seitas,
sociedades secretas,
grupos iniciáticos
e círculos esótericos,
á procura do portal
do reino dos céus.

Depois de muito tempo,
cansado dos rituais,
encontrei um velhinho diferente
de todas as pessoas que havia conhecido.
O que me chamou a atenção foi
a tranquilidade e a paz que olhos dele transmitiam.
Fiquei seduzido quando ele disse:
amigo, passei longos anos angustiado,
buscando o reino dos céus por vários caminhos,
porém, um dia  surgiu, à minha frente, a luz de Damasco,
quando fui intuído a fazer o bem indiscriminadamente.
Então minha vida mudou.
Agora eu sei que o reino de  Deus
está no  coração do homem!


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

FERIADÃO

No último feriado a metrópole
parecia uma cidade fantasma.
A população havia debandado
em busca de distração e lazer.

As pequenas cidades balneárias
incharam por causa do "descanso"
dos homens da cidade grande.
O que deveria ser diversão
se transformou em balbúrdia
e o almejado repouso dos indivíduos
itinerantes
ficou descansando na cidade
de origem das criaturas.

Dia seguinte ao feriadão,
retorno às funções de trabalho
e às necessárias lides cotidianas
em meio às discussões exaltadas
entre os colegas nervosos, devido
à carga estréssica gerada
pelo transito de retorno de feriado.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

LEIS

As leis são projetadas
pelos deputados, senadores e vereadores.
As leis são sancionadas
pelos governadores, prefeitos
e pelo Presidente da república.

O forno das assembleias
 e das câmaras deste país
fabricam leis
como as padarias
fazem pães.

Entretanto,
há um clamor popular
por novas leis.
Atiçado pela mídia, o povo diz
que as leis caducaram.

Seja como for,
parece que têm leis em demasia
dormindo nos compêndios
e antes de mais nada
é necessário a execução equânime
das leis existentes.


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

AZUL

Passei a juventude
vestindo blue jeans
e camisetas celestes
porque o azul sempre foi
minha cor favorita.

Naquele tempo
gastava as manhãs
andando pelos parques,
procurando nas estações
as flores azuis.

Nos dias de tempo bom
e de céu limpo
o mundo fica iluminado.
O planeta entra em outra dimensão,
a alegria aflora no espírito
das pessoas receptivas
à mansitude do azul.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

RAMERAME

Estamos acorrentados
à trivialidade diária.
Dependentes formalizados
da banalidade cotidiana,
imersos em um sistema estagnado,
não conseguimos redirecionar
nosso modus vivendi...                      

Presos às concepções arraigadas,
não recuamos um milímetro
do script gravado em nosso cérebro.
Provavelmente morreremos repetindo
antigos passos da senhora rotina...

Todos os dias, ritualisticamente,
vestimos as mesmas roupas,
andamos pelas mesmas ruas,
repetimos o mesmo discurso
às pessoas à nossa volta.
Lemos as mesmas notícias,
plugamos os mesmos canais,
dormimos nas mesmas camas...

Até que um dia vamos perceber,
que esquecemos de viver aqueles projetos
gerados durante a juventude,
que os sonhos dourados  amarelaram,
que a nossa vontade amoleceu
e o novo parece um filme de ficção científica...








sábado, 11 de fevereiro de 2012

PERVERSIDADE

Nos dias atuais
o homem ainda se diverte
com esportes estúpidos,
como a matança de animais.

Resquício da crueldade
dos tempos bárbaros,
quando bebíamos
o sangue dos adversários.

Avesso às leis naturais,
o homem difere muito do animal:
enquanto o bicho age
obedecendo o instinto
de conservação e preservação da espécie,
a ação humana desequilibra a natureza.

Hoje, refletindo,
confesso meus crimes:
fui caçador,
alvejei animais
que fugiam feridos
e morriam agonizando
em meio aos campos.

Quando abandonei as caçadas,
fui praticar a pesca esportiva,
justificando-me: agora não pratico o mal;
pesco os peixes por brincadeira
e os devolvo à água.
Mas no fundo ainda prevalecia o egoísmo,
pois meu desejo estava alavancado no orgulho
que busca o aplauso.
Na verdade eu corria atrás do troféu
de melhor pescador entre os meus amigos.
Não matava o produto da pesca,
porém esquecia-me de que o anzol
machucava e feria os peixinhos.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

BISSEXTO

Alguns vocábulos
da língua  portuguesa
soam especiais
aos nossos ouvidos.
Lembro que  Erico Verissimo
falava das palavras gordas...

Este poeta
quando criança
adorava o som
de inexorável,
simbiose,
factível e
sobretudo, bissexto

Quando me disseram
que bissexto é um  período quartenário
e  que nesses eventos o mês de fevereiro
ganha um dia de bônus,
achei  interessante a sorte dos nascidos
no d ia 29
e os considerei indivíduos especiais.

Mais tarde, quando soube
 que Manoel Bandeira chamava
de poeta bissexto
aquele que publica um poema
a cada quartela,
pensei comigo, taí:
quero ser, pelo menos,
um poeta bissexto!
Ah, objetivo inalcansável,
continuo sendo um poeta anônimo!



domingo, 5 de fevereiro de 2012

A VERDADE

Há milhares de anos,
Sidarta Gautama
do alto da sua sabedoria
já ensinava
a conveniência da moderação.

O mestres dos mestres
veio mostrar o caminho,
a verdade e a vida,
mas com o passar do tempo
as religiões aprisionaram
a doutrina de Jesus
ao pé da letra morta.

De tempos em tempos
espíritos iluminados
como:
Francisco de Assis,
Alan Kardec,
Madre Teresa,
Chico Xavier...
descem à terra
com a missão de despertar
nossa consciência embotada.







quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

ENFERMIDADE

Estive doente dos olhos
e ninguém percebeu
minha afecção "entre aspas".
Eu andava preocupado
com o meu umbigo
e não via nada ao meu redor.

Estive doente da língua
mas não parei de falar,
aliás, exercitei a eloquência
falando mal dos outros.

Andei doente das pernas
mas caminhei muito
indo aos lugares sórdidos,
perambulando com prazer
nas jogatinas e nos lupanares,
 tornei-me um frequentador assíduo
do território do vício.

Estive doente das mãos,
mas colhi os melhores frutos
para o meu deleite
e deixei de conduzir os fracos,
 os cegos e os doentes,
enquanto dava tapinha nas costas
das pessoas influentes.

Estive doente da moral,
abusei da falta de responsabilidade,
fugi das obrigações,
descuidei-me dos deveres,
tornei-me um relapso e cínico.
Nas poucas vezes em que pratiquei a caridade
a fiz em vista de terceiros
para que o meu nome fosse divulgado.

Ao  acordar desse sonho patife,
pensei com os meus botões, aliviado,
que bom que foi apenas um pesadelo,
mas à medida que ia refletindo
sobre as coisas que havia sonhado,
ouvi uma voz que vinha do fundo das entanhas;
era a consciência. Esse ente
que conhece a verdade, disse:
que ruim que isso não foi um sonho,
mas um resumo da tua realidade comportamental!
Entretanto, sempre é possível
uma mudança de conduta.
Se quiseres fazer, corre,
pois não tens todo o tempo do mundo!


segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A MODA

Quem anda na moda
não se incomoda,
eis o lugar comum,
mas quem preferir o brilho da vitrine
terá de arcar com o ônus da opção.

Coloquei piercings nos lábios,
na língua, nas partes.
Tive dificuldade para mastigar,
para dormir, para fornicar...
Mas não fiquei incomodado.
Eu estava na moda.

Eu passava os verões seminú
nas areias da praia...
Minha namorada vestia
um biquini invisível
e a nossa pele fritava...
mas a gente não se incomodava
nem um pouco.
O bronze estava na moda.

O primeiro cigarro que eu pus na boca
causou-me uma sensação desagradável.
O gosto picante e aquele cheiro
de borracha queimando
embrulhou-me o estômago
e arranhou-me os nervos,
mas era importante superar o mal-estar
e aderir ao vício, para acompanhar os guris da galera...
O meu primeiro porre foi um nojo;
vômito, asco, ressaca...
Ah, mas a gente era jovem,
necessitava de afirmação perante ao mundo...
Naquele tempo garoto que não fumava e não bebia
era careta assumido,
e a caretice estava fora de moda...

Na minha juventude,
não entrava em lojas tradicionais,
só consumia os panos transados
das boutiques de marca.
Eu comprava a grife,
eu estava na moda,
eu curtia a onda...

Nos ciclos transitórios da vida,
um dia a gente se acomoda,
a gente envelhece, a gente cansa...
a gente sai de moda!

sábado, 28 de janeiro de 2012

OLHOS PARA VER

Depois de muitos anos
passando pela mesma rua
descobri numa tarde de sábado
que nunca lhe dera a devida atenção.

Acordei para um mundo à parte,
quando fui surpreendido por uma criança
que passava por ali naquela tarde:
tio, tu tá vendo as flores bonitas
(são de jacarandás)
caindo das árvores sobre as calçadas,
formando um tapete lindo e colorido?

Gente, que sensação de desprezo por mim,
senti naquele instante!
O menino vendo minha cara embasbacada de idiota,
quis saber o que estava acontecendo.
À medida que eu me recuperava do impacto
do soco desferido pela sabedoria daquela criança,
fui perguntando: quando ele vira a beleza do lugar
e a resposta veio de pronto:
- Da da primeira vez que passei por aqui,
foi quando mostrei ao meu pai toda essa maravilha
e todo esse cheiro gostoso derramado no ar,
então, ele disse que caminhava há muitos anos por essa rua,
mas sempre com o pensamento distante,
não percebia o espetáculo da natureza,
porque não tinha olhos para ver.





















terça-feira, 24 de janeiro de 2012

LAURA

A vida de Laura se transformou
de maneira inusitada e absurdiosa
a partir do dia em ela que se tornou
a fã número um dos programas de tv.

À medida que o ardor de Laura
aumentava pela superfície da telinha,
as pessoas que faziam parte de sua vida
foram ficando de lado.
Quando a situação ficou insustentável,
os filhos partiram em busca de ar puro.
Depois foi a vez do consorte abandonar o barco.
Laura, sozinha, trancou as portas e as janelas da casa.
A vida lá fora já não lhe interessava.

Laura começou a economizar com a comida,
consumindo apenas uma refeição diária,
pois queimava poucas calorias,
não fazendo nada além de assistir televisão.
Ela também passou a economizar com o corpo,
abandonando o uso das roupas.
Com a sobra do dinheiro da pensão,
que o marido depositava no banco,
Laura espalhou aparelhos de tv pela casa;
não que isso fosse necessário
já que ela praticamente não saia de cima da cama,
mas ela pensava assim: vá que eu sinta vontade
de ir ao banheiro no momento crucial do beijo
entre o galã e a mocinha...

Com o transcorrer do tempo,
Laura, de dentro do quarto,
usando as ferramentas da internet,
passou a influenciar no produto
que as emissoras colocavam no ar.
Ela se infiltrou nas redes sociais
e no interior das comunidades,
de onde comandava as integrantes
através da lavagem cerebral,
induzindo psicologicamente as participantes
à prática da sabotagem,
enlouquecendo os programadores dos canais abertos.
Muitas vezes os roteiristas de plantão
tiveram que alterar o script durante o andar da carruagem,
principalmente quando as filhas de Laura
boicotaram o enredo das novelas
e como a tv vive de Ibope...

Hoje, fala-se, que os diretores dos realitys shows,
antes, durante e depois da compactação
da grade de participantes de cada evento
ficam  conectados com Laura o tempo inteiro
e seguem à risca às orientações da matrona...