O pequeno cão
com as patinhas quebradas
foi jogado na rua,
mas os samaritanos
estavam míopes.
Muita gente
passou por ali
mas, todos, ocupados,
não tiveram tempo
para o bichinho doente.
Passou o político
maturando projetos,
passou o crente
conectando os anjos,
passou o poeta
falando com as musas,
passou o viciado no jogo do bicho
conjecturando:
eu divido o número do cachorro
pelas patas quebradas
e jogo no "primeiro ao quinto",
mas o pobre animal continuava
atirado à sarjeta...
Por fim passou o catador de papel
exaurido pela labuta insana,
com a mente vazia de qualquer pensamento elevado
e tropeçando sobre os efeitos da aguardente;
juntou o animal, subiu e desceu a rua diversas vezes
procurando o dono do cão,
mas não encontrando ninguém interessado, decidiu:
não posso deixar esta criatura de Deus sem amparo,
então o levou consigo,
e, por vários dias, cuidou das feridas,
colocou na própria cama
e dividiu o pouco alimento que tinha...
Quando o animal ficou curado,
o homem o colocou sobre
o carrinho de conduzir papeis,
junto à uma faixa:
este animal não me pertence
e eu gostaria de devolver
ao dono de direito...
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
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Oi querido Dilmar, vejo cenas como esta todos os dias, alguns moradores de rua possuem um coração maior do que qualquer outra pessoa, talvez por saberem como é triste ser sozinho!
ResponderEliminarAbraços.
Pois é amiga, muitas vezes, a ajuda vem de onde nem se espera.
ResponderEliminarObrigado pela visita.
Um grande abraço
Maravilha, meu amigo Dilmar!
ResponderEliminarAlém de belíssimo, o seu texto me faz refletir sobre o descaso com os animais e quanto os menos favorecidos são melhores nesta questão.
Você tem razão: é comum a gente ver mendigos, catadores de papel, levando consigo algum animalzinho, que, diga-se, tratam com o maior carinho...
Você, sempre atento às causas importantes!
Grande abraço, meu amigo poeta.
Na verdade amigo, aprendemos mais com eles do que eles conosco!
ResponderEliminarGrande abraço.
mUITO BOM ESSE POEMAS
ResponderEliminarCaro amigo Dilmar,
ResponderEliminar"Passou o político maturando projetos, passou o crente conectando os anjos, passou o poeta
falando com as musas..."
Todo texto está bem construido, destaquei a parte acima que chama a atenção de forma poética para o tema da sensibilidade ou sua ausência.Existem aqueles que a tem e os que não.
Triste? Sim, mas real.O egocentrismo impede de ver ao redor.
Particulamente fiquei eternecida. Amo os animais. Tive um carrocho dos 11 aos aos 28 anos e hoje tenho quatro gatas. É dito tanta coisa irreal dos gatos, projeções humanas sobre o animal.Há tantos sentimentos e troca que me transmitem.
Creio que o texto abre várias janelas para a sensibilidade, desde o questionamento que citei até a identificação com o abandono.
Parabéns por teu trabalho que toca na alma!
Forte abraço
Obrigado amiga. Sou meio suspeito quando trato de temas sobre animais. Na minha casa, eu, minha mulher e minha filha somos apaixonados por cães. Atualmente temos três cachorras podlees e elas nos dão tanto amor...
ResponderEliminarUm grande abraço.
Uma visão exemplar!
ResponderEliminarInfelizmente começam a ser raros esses "catadores de papel com a mente vazia de qualquer pensamento elevado", mas com o coração cheio de caridade para dar, a troco de nada. Aqueles para quem ajudar é uma dádiva recebida e não oferecida.
Um beijo
Obrigado pela visita amiga Lidia.
ResponderEliminarUm grande abraço.
Nossa, como isso e verdadeiro, a ajuda que vem de onde menos se espera, os probres que mais ajudam que os ricos, a maldade com os animais ( não suporto isso). Texto intenso.
ResponderEliminarBeijos meu
Obrigado, amiga Fatima, pela visita.
ResponderEliminarUm grande abraço.
Poema sensível tratando de uma realidade que é ignorada por muitos. O que a gente percebe muitas vezes á a união dos desprezados. Exemplo: cães e homens e mulheres em situação de rua. Ou mesmo solidariedade dos pequenos: cães e crianças. Parabéns pelo poema!
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