Sabe, aqueles dias
em que a gente desperta programado
para realizar algo preconcebido
entretanto a cabeça não lembra da tarefa
mas o espírito fica enviando
mensagens codificadas para o cérebro.
Isso aconteceu comigo
na sexta-feira da semana passada
quando acordei com uma sensação estranha
e não demorou muito
veio-me a impressão de ouvir
uma vozinha no fundo do meu ouvido:
Vê se não esquece do compromisso!
Horas mais tarde,
sentado à mesa de trabaho,
distraído entre carimbos e papéis,
fiquei com o sentimento de ter escutado
no meio da conversa cruzada
entre as mesas dos colegas, aquele lembrete:
Não esquece do compromisso.
Às duas horas da tarde
senti fome e pensei em almoçar,
mas a voz voltou:
esquece um pouco do estômago,
o pão do espírito é mais importante!
Atordoado, sai andando pela rua
como se estivesse num estado alterado de consciência
ou feito um autômato bêbado,
assim cheguei à Praça de Alfândega
no início do discurso de abertura
da Quinquagésima Sexta Feira
do Livro de Porto Alegre.
Após a abertura da festa
fiquei circulando pelos stands,
procurando algum amigo
e lendo as capas dos livros.
Depois de algumas horas
minhas pernas pediram descanso
então, adormeci sentando num banco
mas no meio da sonolência
foi rodado um filme dentro de mim
e na fita em preto e branco
vi-me visitando esta feira no passado
e recebendo autógrafos dos meus ídolos,
de alguns deles que já partiram...
Senti novamente o êxtase
da primeira vez em que entrei
aqui no templo dos livros.
Revivi o clima daquele tempo
quando os estands eram chamados de barracas
e a cidade ainda tinha aquele ar de provincia...
Naquela época, eu comprava algum livro
começava a leitura aqui mesmo, nestes bancos
e as flores dos jacarandás
caiam sobre as páginas abertas;
depois, algumas delas secavam entre as folhas
e hoje essas flores desidratadas
são lembranças, saudades, relíquias...
De repente despertei do sono
com o ruido da sineta do Xerife Julio La Porta
Estava na hora do fechamento da Feira
naquela noite,
mas a Festa dos livros estava apenas começando...
sábado, 6 de novembro de 2010
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Querido amigo, falar de como você escreve é difícil, pois quando há emoções junto as palavras não sabemos como descrever o quanto isso é lindo!
ResponderEliminarIndependente se escreves sobre algo triste, alegre, bom ou ruim, você nos trasporta emoção na maneira única de expor suas idéias e seu coração! Um escritor dos sentimentos!
Abraços.
Aah, meu querido Dilmar, uma feira de livros...
ResponderEliminarPode haver, na terra, um lugar mais abençoado?
É um verdadeiro encantamento , o que me acontece, quando visito uma delas.
Alí estão os meus objetos do desejo...
Que maravilha, voltar para casa, com uns, ou ao menos um livro, novinho, perfumado com a fragrância da tinta nova , verdadeiro insenso, a nos perfumar o espírito...
Lindíssima, meu querido, esta sua postagem domingueira!
Tão alegre, como sugere o próprio dia...
Forte abraço!
Há muita poesia nesta narrativa. O texto flui, prendendo o leitor, em volta dos livros.
ResponderEliminarUm prazer ler o que, aqui nos oferece.
Um beijo
Bom dia!
ResponderEliminarQue linda essa história de quando lia os livros ali no banco e as folhas caindo... Fiquei imaginado a doce pintura...
Bjs
e otimo domingo
Chris
Amiga Priscilla, muito obrigado pela visita e pelo comentário;
ResponderEliminarUm grande abraço.
Querida amiga Zélia, muito obrigado pela visita e pelo comentário. Sabe, hoje a Feira de Livro de Porto Alegre, traz-me uma saudade das minhas primeiras visitas, sobretudo, por que eu era jovem, e além disso, a feira era menos concorrida; a gente podia ler as capas dos livros, apalpá-los, cheirá-los, inclusive, era possível começar a leitura das obras adquiridas, ali mesmo nos bancos da praça, embaixo dos jacarandás floridos.
ResponderEliminarUm grande abraço.
Querida Lídia, que bom receber tua vista de além-mar. Muito obrigado pelo comentário.
ResponderEliminarObrigado pela visita e pelo comentario, amiga Chris. Pois é, tenho uma saudade enorme daquele tempo em que era possível ler os livros, nos bancos da praça. Com o tempo, a Feira cresceu muito e perdeu um pouco do romantismo.. Mesmo assim, quando chega outubro, fico contado as horas até o dia da abertura do evento...
ResponderEliminarUm grande abraço.
olá!amigo dilmar adorei visitei o passado com você lendo sua hitória.estou com saudades um abraço
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